.

.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Que venha 2022...

O ser humano possui uma condição vital para sobreviver, é gregário e precisa do outro para se realizar. Precisar do outro significa que nos realizamos na medida em que compartilhamos com o outro aquilo que produzimos para viabilizar a convivência em comunidade, os costumes, os valores e conhecimentos, pois não haveria nenhuma razão para se criar, se não para dividir... é preciso cuidado com o que produzimos.

Nunca fomos tão tocados pelas muitas histórias de desgraças que acontecem no mundo, por exemplo, os milhares de refugiados que estão invadindo os países em todos os continentes. Entretanto, quando os desfavorecidos são da nossa cidade, do nosso bairro, nossos vizinhos ou não, não nos trazem nenhuma preocupação... é preciso cuidado com os necessitados, inclusive com os que moram ao nosso lado ou nesse imenso Brasil!

Nunca as nossas crianças foram tão agredidas e mortas violentamente como nesse último ano, muitas vezes por motivos banais. O registro de desaparecimentos de menores cresceu 91% em dois anos. Segundo dados da Fundação da Infância e Adolescência (FIA-RJ), somente neste ano foram 172 casos nesse estado. Quantos Lucas Matheus, Alexandre da Silva, Fernando Henrique, Henry Borel, Antônios, Eunices e Marias foram mortos por esse Brasil afora? Muitos defendem a morte de meninos e meninas em nome de uma justiça cega e os mais indefesos são sempre os pequeninos... é preciso cuidado para resguardar os direitos das crianças com o apoio das famílias, igrejas, associações e sociedade como um todo a fim reencontrar a infância que tem se perdido.

Nunca fomos tão aterrorizados por tantas doenças que têm arrasado a humanidade. Quanto mais avançamos na ciência, mais expostos ficamos a novos desafios... é preciso cuidado com os nossos queridos cientistas.

Nunca se falou tanto sobre ganhos e independência financeira em nome de Deus! Igrejas foram inundadas por homens inescrupulosos com promessas de cura e prosperidades e muitas vezes são mais valorizados por sua performance... é preciso cuidado com os nossos pastores que realizam um ministério piedoso e em consonância com a Palavra de Deus. 

Nunca se falou tanto da vida do outro para os outros e por todos os lugares, espalhando a primeira notícia, seja falsa ou verdadeira que traz prejuízo e arruína a vida de pessoas, organizações e comunidades... é preciso cuidado com as nossas ”ditas verdades” absolutas.

Nunca ouvimos tantos discursos inflamados no congresso, senado e outros seguimentos da política e o povo morre, passa fome, sofre, briga e famílias inteiras se dividem todos os dias… é preciso cuidado com os nossos discursos e posicionamentos político-partidários!

Nunca fomos tão carentes de esperança no Brasil e no mundo. Os países mais pobres, menos favorecidos em tudo, esperam a erradicação completa dessa pandemia, responsável pela morte de muitas pessoas e que tem deixado um rastro profundo de traumas físicos, distúrbios psicológicos e emocionais em muitas pessoas.... é preciso cuidado e valorização das equipes de saúde!

Nunca ouvimos tantas pessoas desejarem que o ano termine devido às experiências negativas em várias áreas da vida. Querem recomeçar o ano com novos desafios e com esperança de dias melhores... é preciso cuidado no planejamento de nossas metas!

Nunca vivemos tantos desafios na área da educação! Milhares de professores se reinventaram em função dos novos modelos de educação que a pandemia impôs a eles.  Nunca se viu tanta desvalorização de uma classe ... é preciso cuidado e valorização dos nossos professores.

Nunca foi tão fácil viajar e se deslocar até os locais mais distantes, apesar da pandemia. Com o avanço da tecnologia, podemos acompanhar os acontecimentos, praticamente em tempo real de qualquer continente. No entanto, nunca vivemos tão isolados dentro dos nossos próprios mundinhos... é preciso cuidado com o distanciamento que tem destruído os nossos relacionamentos.

Cuidado, deve ser a palavra chave de nossas vidas no ano de 2022...

Cuidado com o nosso coração... para que ele nunca se “coisifique”, diante das decepções, mas ame e seja capaz de dar ao outro o valor de um alguém criado à imagem de Deus.

Cuidado com a vida... ela é tão curta, assim nos diz a Bíblia. Insistimos em perder tempo com discussões tolas sobre política, religião e futebol, todos têm suas verdades, afinal.

Cuidado com a natureza... tão negada e explorada por governos e homens gananciosos, mas fundamental para manutenção da vida.

Cuidado com o tempo... pois não podemos dominá-lo e sendo assim, precisamos aproveitar cada minuto para espalhar aquilo que temos de melhor... amizade, companheirismo, amor verdadeiro e respeito às opiniões alheias.

Não sabemos como será 2022 e mesmo que seja duro e com perdas como 2021, ainda assim poderemos vivê-lo com atitudes diferentes e sem medo de sermos felizes, porque felicidade é um trabalho interior.

Desejo um feliz 2022 a todos os meus queridos amigos e amigas e que o cuidado seja o mote das nossas vidas no decorrer deste novo ano.

Meu muito obrigado a você que me acompanhou na leitura das crônicas.

Foi isso por 2021... é vida que segue em 2022.

Abraços!

Pr. Roberto Luiz Gomes

sábado, 25 de dezembro de 2021

Um menino nos nasceu

“... Um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz”. Isaías 9:6

Um menino nos nasceu... numa vila, num lugar diferente, inesperado, junto aos animais.

Um menino nos nasceu... numa noite sem pompa, sem velas, sem luzes, sem estampas, bem distante, mas não era diferente aos olhos da gente.

Um menino nos nasceu... nasceu o Deus presente, nasceu humano, simples, sem festa e sem gente, só o firmamento como testemunha.

Um menino nos nasceu... não veio enfeitado, mas Deus de bom grado o enviou humilde, era o Seu Filho esperado, assumindo sua missão de nos dar vida. 

Um menino nos nasceu... como nascem crianças todos os dias aqui e acolá.

Um menino nos nasceu...  para os que nascem em lares ricos, lares pobres, de refugiados, de bastardos, de bem vestidos ou não.

Um menino nos nasceu... para os que nascem em casas, hospitais, nos ônibus, nos campos, nos lugarejos, nas capoeiras e nos centros das favelas.

Um menino nos nasceu... nasceu para os que são perfeitos, para os imperfeitos, deficientes, ante os olhos dos outros.….

Um menino nos nasceu... para os que nascem em famílias normais, de pais normais, para os de famílias diferentes, famílias encaradas como naturais.

Um menino nos nasceu... nasceu para famílias de crentes, de gente como a gente, famílias unidas ou de gente descontente.

Um menino nos nasceu... esse menino cresceu, viveu pra servir e para em todos nutrir esperança no futuro com tão grande salvação.

Natal é bem mais que festas, fogos e aglomerações... Natal é tempo de reflexão sobre o Deus que deu aquilo que tinha de mais precioso, a saber, o seu filho Jesus.

Desejo um Feliz Natal a todos, em especial para aquelas pessoas que perderam entes queridos nesses tempos difíceis de pandemia.

“... Um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz”. Isaías 9:6


 

 

 

domingo, 19 de dezembro de 2021


Um momento que eu quero aceitar Jesus...

Cheguei ao Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, no Rio de Janeiro, muito novo, assim como minha turma que tinha idades entre dezoito e vinte e dois anos. Somado a este fato, era uma das maiores turmas do nosso tempo. Um bando de rapazes e moças recém-saídos da adolescência aspirando o ministério. Fui consagrado ao Ministério da Palavra no final do meu terceiro ano, da mesma forma um bom número dos meus colegas. Uma turma bem nova de pastores, pronta para desbravarem o Brasil e o mundo. Lá estávamos nós. Prontos para realização da boa obra.

Era muito comum, o “trabalho de férias” que consistia numa viagem feita pelos estudantes para o seu estado ou outro promovendo treinamento nas igrejas, congregações ou com uma das nossas Juntas de Missões Estaduais, Nacionais ou Mundiais.

Nas férias de julho, aceitei o desafio de fazer um Mutirão Missionário numa cidade chamada Bom Jesus do Galho, no Estado de Minas Gerais.

Fiz uma viagem bem interessante do Rio à Caratinga, pois alguém foi ouvindo o representante mais ilustre da cidade naquele momento: Aguinaldo Timóteo. Foi a noite inteira em alto e bom som. Depois de um dia em Caratinga, finalmente conheci Bom Jesus do Galho.

Conheci meus colegas de Mutirão Missionário na pensão familiar do Sr. José. A pensão ficava bem em frente da Igreja Católica que de hora em hora badalava os sinos indicando as horas. Se você pensa que eles paravam durante a noite… ledo engano! Tive muita dificuldade para me acostumar com aquele som que me era estranho.

Nos primeiros dias, estabelecemos que visitaríamos as famílias de casa em casa e até encontrarmos um local onde pudéssemos realizar nossas reuniões na parte da noite. Não foi uma tarefa muito fácil, pois as pessoas nos olhavam com desconfiança e algumas nem sequer falavam conosco.

Certa noite, saí com dois rapazes que participavam do Mutirão e andando pela cidade, vimos uma quadra com alguns jovens jogando bola. Como brasileiros natos e fominhas de bola, nos achegamos e apreciamos a partida. Quando terminou o jogo, uma das pessoas nos convidou para participar da partida e disse que era o novo padre da cidade. Fizemos amizade e no dia seguinte havia uma grande plateia para assistir o pároco e o pastor se enfrentando.

As portas começaram a se abrir e na velha e boa tradição mineira, toda casa que chegávamos, antes de sair, nos era oferecido um copo grande de café, cheio até a boca. Normalmente, visitávamos umas cinco casas pela manhã e quando chegava a hora do almoço, nossa vontade de almoçar já havia passado, considerando que a barriga estava cheia de café. Quando você conhece um estado com tradições diferentes das suas é muito interessante.

Depois de alguns dias, conseguimos alugar um salão no centro da cidade que funcionaria como local de cultos. Como ficaríamos apenas 21 (vinte e um dias), começamos a nos reunir imediatamente. O povo começou a chegar e nossas reuniões eram bem animadas.

Numa certa noite, aconteceu algo inesperado no culto que marcou profundamente nossas vidas. No meio do programa, entrou um homem, com cara de poucos amigos e sentou-se no fundo do salão e parecia bem aborrecido.

Após a exposição da Palavra, aproveitei a oportunidade e perguntei se havia alguém que queria confiar sua vida e caminhos nas mãos do Senhor.  Aquele homem se levantou e disse: - Espere um pouco pastor e saiu.  Continuei a ministração e no final, ele voltou, foi até onde eu estava e disse: - Pastor, quero aceitar a Jesus! Ele disse com um sorriso desenhado nos lábios que não imaginei ser possível, lembrando da forma como havia entrado no salão. Entendi sua alegria por confiar sua vida nas mãos de Jesus.

No dia seguinte, quando terminou o culto da segunda-feira, ele pediu para falar comigo e me disse: - Pastor, ontem quando sai e pedi para que você esperasse um pouco, era porque eu estava armado. Havia saído para matar uma pessoa, mas quando ouvi falar de Jesus, a mensagem tocou meu coração e fui entregar o revólver à pessoa que me havia emprestado. Hoje sou uma nova criatura!

Confesso que respirei com um misto de alívio e alegria. Alívio por nada ter acontecido em meio a congregação e alegria por ter presenciado um homem alcançado e regenerado no seu modo de viver pela ação do Espírito Santo.

A congregação continuou, cresceu, tornou-se igreja. Aquele homem tornou-se benção na vida das pessoas e na vida dos seus familiares.

Essa história marcou minha vida, pois vi a expressão de um homem totalmente arrependido. Uma vida que tinha tudo para dar errado e sucumbir como tantas outras, mas foi alcançado pela graça de Cristo, pois isso mesmo a Palavra nos diz em Lucas 19:10: “o Filho do Homem veio para buscar e salvar o que se havia perdido”.

É isso por hoje... é vida que segue!

 

sábado, 11 de dezembro de 2021


Alguém abra um pouco a janela, por favor...

Foi um final de tarde bem diferente na Grande Vitória. Voltava para casa, após enfrentar um belo engarrafamento no centro da capital capixaba e seguir pela segunda ponte. Observava o céu com muita desconfiança e pensava: “essa noite vai chover.”

Abro parênteses para dizer que quem mora em Vila Velha vive emoções bem especiais em dias de chuva, sabe que após uma noite de chuvas torrenciais, o carro deve ficar, preferencialmente, em casa e partir para o trabalho de coletivo, caso não queira ficar preso a um mar de águas pluviais.

Como anunciado pelos meteorologistas, caiu uma forte chuva que se estendeu a noite inteira. Confesso, não consigo dormir bem em noites assim…

No dia seguinte, levantei bem cedo, como de costume. Separei  guarda-chuvas, sapatos, mochilas e fui em direção ao ponto de ônibus. Sempre gostei de utilizar esse meio de transporte, pois dentre outras coisas é uma fonte de boas histórias, coisas do tipo: “o ser humano é um quadrúpede de dois pés.”

O coletivo chegou ao ponto do embarque, entrei e me posicionei num local estratégico, bem próximo da porta e de uma janela, pois em tempos de pandemia, todo cuidado é pouco.

À medida que a curta viagem foi se desenvolvendo, aproveitei para ficar observando a quantidade de água que inundava as ruas de Vila Velha. Situação bem calamitosa! Sem contar com o grande engarrafamento que se formou, porque os carros mais baixos não conseguiam passar e impediam os ônibus de avançarem. Experiência maravilhosa.

De repente... iniciou-se uma discussão no ônibus por causa das janelas fechadas. Uma senhora bem revoltada, começou a brigar dizendo: - É um absurdo esse ônibus todo fechado. Vocês não têm consciência de que estamos vivendo numa pandemia?  Claro que me interessei em ouvir a história, afinal gosto de histórias de ônibus.

Após muita reclamação dela, respostas nada elegantes de outros passageiros e uma confusão generalizada, o coletivo finalmente chegou ao terminal.

Após todo aquele episódio, fiquei pensando na solidão daquela senhora e na reação das pessoas. Ela estava totalmente correta nas suas ponderações! Entretanto, os outros passageiros se colocaram contra e como se não bastasse, a ofenderam.

Fico impressionado como somos fechados e ensimesmados nos nossos próprios interesses. As vezes, tomamos atitudes individuais que prejudicam toda uma coletividade e não nos preocupamos com isso. Temos a impressão de que o mundo gira ao nosso redor.

Os tempos são difíceis e penso que quanto mais solidários nós formos, vamos não somente contribuir para a nossa saúde, mas também para uma sociedade um pouco melhor. Como alguém já disse no passado, “ninguém é uma ilha e somos dependentes uns dos outros.”

Gosto da expressão bíblica que diz: “Portanto, tudo quanto quereis que as pessoas vos façam, assim fazei-o vós também a elas, pois esta é a Lei e os Profetas”.  Mateus 7:12. Entendo que este versículo ilustra muito bem a atitude da maioria das pessoas nos nossos dias, desejamos que nos façam o bem e não nos cansamos de fazer ou mesmo desejar o mal aos nossos semelhantes.

Que as janelas dos nossos corações sejam abertas, que a brisa divina e o sol da justiça entrem, iluminem e aqueçam nossas vidas.

Alguém abra um pouco a janela, por favor...

É isso por hoje... é vida que segue.

 

 

 

 

 

 

sábado, 4 de dezembro de 2021

Primeira Igreja Batista em Jardim Carapina

Eu não sei o que seria de minha vida sem irmãos e irmãs

Asaph Borba escreveu uma canção chamada Irmãos e Irmãs, e do meu ponto vista, uma das mais belas de sua carreira. Gosto dessa letra, pois ela é bem abrangente e nos dá ideia da importância da presença do povo de Deus nas nossas vidas.

No dia 25 de novembro, nossa querida Primeira Igreja Batista em Jardim Carapina, completou sua maioridade: 21 (vinte e um) anos. Uma existência de serviço à comunidade.

Quando saí do Brasil em 2014, para passar três anos no continente africano, nunca havia passado no meu coração, conhecer a Primeira Igreja Batista em Jardim Carapina. Após um ano além-mar, visitei o Brasil e fui escalado para fazer campanha missionária, num domingo pela manhã, naquela que se tornaria a minha querida igreja.

Saí de Vila Velha bem cedo, precisamente da Praia das Gaivotas, cheguei com tranquilidade em Carapina e esperei pelo irmão que ficou de me levar à Igreja. Confesso que estava bem curioso, pois quando somos convidados para falar, preparamos um material e ficamos com muitas expectativas para chegar e saber se tudo sairá como programamos. Finalmente, cheguei à igreja.

Foi muito bom encontrar o meu querido Pastor Marques Xavier Martins, meu colega de turma, no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil. A Primeira Igreja Batista em Jardim Carapina me encantou à primeira vista. Foi uma recepção maravilhosa! Irmãos amorosos que me fizeram sentir em casa, e confesso que amei o povo, logo de cara.

Preguei, cantei e compartilhei tudo que Deus estava fazendo no Togo. Por fim, desafiei a Igreja a conhecer o Togo para sentir de perto os desafios com crianças nascidas naquele país e perceber que aquelas vidas nunca mais seriam as mesmas. Desafio aceito, agora só preciso levar um grupo comigo.

Depois de três anos, tenho boas histórias para contar! Hoje temos um PEPE em Notsè, norte do Togo, precisamente, na aldeia de Djavè. Nossa igreja ajuda, de maneira exemplar, no sustento dos professores que trabalham com essas crianças e que são liderados pelos missionários Fofoné Tengue e Ellen Vidal, pais de João Eyram.

Quando retornei ao Brasil, morando na Grande Vitória, não tive dúvida sobre qual Igreja frequentar. Logo procurei o pastor e manifestei o meu desejo de me unir aos meus queridos irmãos da Primeira Igreja Batista em Jardim Carapina.

Muitos me perguntam: - Mas você mora em Vila Velha e vai para Serra, quando tem tanta igreja perto da sua casa? Simples: isso é i-den-ti-fi-ca-ção! Em outras palavras, isso é amor ao povo que, nunca havia me visto, mas me amou de primeira. Houve reciprocidade nesse sentimento.

Eu não sei o que seria de minha vida.... se em mim não pulsasse uma gratidão enorme pela igreja de Cristo e sem me sentir aceito, mesmo com pouco tempo de convivência! Não existe prazer maior em voltar e estar em casa.

Eu não sei o que seria de minha vida… sem o privilégio de viver em comunidade e   desfrutar da alegria contagiante que reina entre o povo de Deus!

Eu não sei o que seria de minha vida...  sem o amor e admiração por um grupo que, mesmo em meio a essa pandemia, tem realizado, literalmente, uma grande obra! Assim, como a exemplo da reconstrução dos muros de Jerusalém, os moradores do bairro passam e se admiram do crescimento da obra de Deus. 

Eu não sei o que seria de minha vida... se não compreendesse que amor é esse?!? Amor que nos une e nos faz dedicar dons, talentos e tempo, em dias de mutirões, para construção do templo. A exemplo de Neemias, temos certeza que estamos realizando uma grande obra! Parabéns, irmãos, irmãs e crianças da nossa igreja!

Meu coração bate forte por essa igreja, porque vejo o amor e a visão que Pastor e liderança têm pelo trabalho com crianças.  Amorosamente, abraçaram o PEPE – Programa de Ensino dos Princípios do Evangelho - Unidos trabalhamos para sua implantação no início do ano letivo de 2022. Explode coração!

Por tudo isso, quero declarar aos irmãos da Primeira Igreja Batista de Jardim Carapina, o meu grande amor por vocês. Tenho grandes motivos para desejar estar ao lado de vocês nos desafios, nas dificuldades e também nas vitórias e conquistas.

Não posso deixar de mencionar queridos e queridas que ao longo desses anos, lutaram para a construção desse templo e que agora se encontram nos braços do Pai. Meu reconhecimento e homenagem.

Mais uma vez, recebam o meu carinho, minha gratidão e concluo, parafraseando Asaph Borba: - Eu não sei o que seria de minha vida sem irmãos e irmãs, sem a igreja de Cristo que está presente e viva ao meu redor...”

Que Deus nos mantenha firmes e seguros na nossa caminhada.

Um beijo no coração de todos e mais uma vez...

P-A-R-A-B-É-N-S!!!

É isso por hoje... é vida que segue!

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Crônica da semana.


Onde estão as meninas?

Eu e meu amigo Elizeu, quase sempre fazíamos o mesmo caminho em direção à Igreja Batista do Aquidabã, pois éramos totalmente envolvidos nas atividades daquele grupo.

Numa manhã bonita e quente, como normalmente são os dias na cidade de Cachoeiro de Itapemirim e depois de tomar o meu café, coloquei-me a caminho do templo, mas antes passei na casa do meu amigo e para variar, cheguei próximo à escada que passava perto de sua casa, enchi os pulmões e gritei: - Elizeuuuu!!!! Ao que ele respondeu: -Já vouuu!!!!

Era muito comum chamá-lo aos berros da rua de cima. Sua casa ficava na rua de baixo. Entre uma casa e outra formava-se um vale, os berros ecoavam retumbantes e todos os vizinhos ouviam, tenho certeza que ficavam incomodados. A melhor parte da história era o fato do meu amigo me responder gritando de sua casa também. Quem não gostava nada disso era minha querida e saudosa Lanite, nos chamava atenção pela molecagem.

Eu e o Elizeu descemos pela rua Anacleto Ramos, passando pelo Hospital Evangélico e chegamos à casa da família Sá. Uma das famílias mais tradicionais e queridas da Igreja Batista do Aquidabã.

Quando nos aproximamos da casa dos irmãos, encontramos duas crianças que estavam brincando livremente na rua, pois naquela época não havia tanto perigo como hoje. Ao olharmos as duas meninas, não tivemos dúvidas em brincar com a situação.

Tive uma brilhante ideia e imediatamente disse: - Elizeu, pegue as duas meninas e vá em direção ao Hospital. Fique lá por alguns momentos, até que eu chegue à casa da família e pergunte por elas. Tudo combinado!

Entrei de maneira festiva e cumprimentei o povo: - Bom dia, gente! Vim dar um abraço nas meninas, onde elas estão? Uma das mães respondeu: - Estão brincando lá em frente a nossa casa! - Em frente da casa? Perguntei e logo respondi: - Nãããããoooo!!! Passei por lá agora!!!

Para resumir, foi um desespero das mães e tias que começaram a procurar as meninas e a perguntar aos transeuntes se eles haviam visto alguma coisa.  Depois de um certo tempo... eis que, milagrosamente, as meninas apareceram com o Elizeu. Toda família ficou super agradecida por meu amigo ter encontrado e devolvido as meninas à família querida.

Fico imaginando o susto que aquelas mães passaram e confesso que hoje, quando penso naquela situação, sinto-me envergonhado por ter levado adiante tal brincadeira, mas isso reflete a imaturidade da juventude. O tempo passa, com ele vamos amadurecendo e deixando para trás as “coisas de menino”.

Depois de algum tempo, contamos à família que o desaparecimento havia sido combinado. Tomamos uma bela de uma bronca e tudo ficou bem!

Esse tipo de brincadeira é totalmente desaconselhado fazer porque pode trazer graves consequências.

É isso por hoje... é vida que segue!!!

 

 

 



 

domingo, 21 de novembro de 2021


As muitas mulheres em Maria...

Muitas mulheres realizaram grandes feitos em diversas áreas e fizeram com que os seus nomes ficassem gravados para sempre na história.

 À luz da Bíblia, encontramos muitas histórias de mulheres valorosas que deixaram exemplos maravilhosos: Ana na sua determinação de orar a Deus; Débora e sua capacidade de liderança; Maria, mulher escolhida e usada por Deus para que a realização da grande obra de redenção da humanidade tivesse o seu ápice em Jesus Cristo.

 Você pode estar pensando, como muitas mulheres em Maria? Quero compartilhar um pouco da vida de uma mulher especial e que hoje comemora aniversário. São 84 (oitenta e quatro) anos de vida da minha querida mãe.

Alguém que desde bem cedo, nascida num lugar chamado Parada de Coronel Benjamin, às margens da estrada de ferro da velha Leopoldina, ajudava seus pais e depois de casada, ao seu saudoso marido, Osmani Gomes. Sua lida é um exemplo de vida. Maria, uma mulher dedicada.

Já adulta, conheceu a Jesus como Salvador e Senhor de sua vida e procurou levar para dentro de sua casa o exemplo desse encontro especial que marcou a recuperação de sua saúde física e emocional. Sempre buscou andar a segunda milha e dar sua vestimenta ao inimigo, a pelejar contra ele. Maria, mulher de testemunho.

Sua vida tem sido pautada por um relacionamento profundo com o Senhor, honrando-O em todos os momentos e sempre com um cântico de alegria nos lábios, hábito reconhecido e imitado pelos filhos. Maria, uma mulher temente a Deus

Durante todos esses anos, seus filhos foram criados e ensinados a temerem ao Senhor e a buscar Nele as orientações necessárias para uma vida digna diante de Deus e dos homens. Maria, mulher sensível à voz de Deus.

Uma serva que durante os últimos 30 anos apresentou crianças a Jesus na sua querida Igreja Batista do Aquidabã. Inúmeros cultos de bebês foram realizados. Sempre se portou como alguém que queria continuar aprendendo muito mais. Maria, uma mulher humilde.

O lar é importante na vida de qualquer pessoa, mas na vida da minha mãe, nossa casa sempre foi extensão da casa de todos que nos visitavam. Duas pessoas ou mais de vinte eram sempre recebidas com muita alegria. Maria, mulher hospitaleira.

Uma vida de serviço e que sempre procurou ajudar todos os vizinhos, realizando um ministério de consolo e oração. É, carinhosamente, considerada mãe por muitos deles. Como filhos, não temos ciúmes, apenas orgulho! Aprendemos com ela que viver para servir é sempre mais importante que viver para ser servido. Maria, mulher cuidadora.

Meus irmãos e eu, aprendemos que Maria é uma mulher que se multiplicou em muitas mulheres ao longo desses 84 (oitenta e quatro) anos de idade. Mulheres que riem, choram, louvam, enfrentam a vida com a mesma coragem de sempre. Maria, mulher de luta.

Como diz o poeta: - “Maria, Maria é o som, é a cor, é o suor é a dose mais forte” ... de amor e faz parte de uma espécie de gente que desfruta a vida em toda sua plenitude, pois tem constantemente descansado e esperado no Senhor. 

Maria, nossa querida mãe... que Deus seja contigo em todos os momentos de sua vida e que a senhora continue sendo essa mãe maravilhosa.

É uma honra ter você como mãe.

 

 

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

"Bem sei que tudo podes e nenhum dos teus planos podem ser frustrados..."


Antônia da Silva

"Sei que podes fazer todas as coisas; nenhum dos teus planos pode ser frustrado. Antes te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem.”

Jó 42:2,5

Existem fatos na nossa vida que não podemos evitar e a morte é uma delas. No versículo supracitado, encontramos verdades que foram vividas e agora contemplada pela nossa querida e saudosa irmã Antônia.

Sou do interior e o que mais gostava de fazer na minha pré-adolescência, era viajar até um lugar chamado Ibitiruí e passar dias na casa dos saudosos tios José Bispo e Nivalda e praticamente no mesmo terreno ficava a residência do Pastor João Evangelista e da irmã Antônia. Os dias eram maravilhosos.

O tempo passou e cada família seguiu o seu rumo e como diz o poeta: cresciam os meninos sempre pequeninos. Alguns nem tão pequenos assim, agora na capital secreta do mundo.

Em Cachoeiro terminaram de criar os filhos e viviam os bons dias da velhice, quando foram tomados de assalto pelo falecimento de Daniel, bom filho, esposo e pai dedicado, exímio violonista e um excelente amigo. Tempos de guerra vividos por João Evangelista e Antônia. Como deve ser duro sepultar um filho. Antônia procurou manter-se firme ao lado do seu esposo e passaram por essa prova juntos com muita dor, mas confiantes e fortalecidos pelo Senhor.

O tempo passou e aprouve ao Senhor convocar o Pastor João Evangelista e mais uma vez essa mulher passou por uma dura prova. Como seria encarar a vida sem o parceiro dos cultos, das lutas da vida e das inúmeras vitórias. Mais uma vez o Senhor foi fiel e sustentou Antônia.

Os dias sempre passam e a ordem natural da vida as vezes nos trazem surpresas que não esperamos, pois, a vida é assim mais uma vez em um acontecimento veio tomar de surpresa a alma de uma mãe e esposa sofrida que foi o falecimento de Tito. Um grande irmão, das conversas e das brincadeiras.  Não sem dor, Antônia nunca deixou de ser fiel e continuou se deixando sustentar pelo Senhor.

O tempo passou e agora chegou o momento de Antônia ser convocada e recebida pelo Senhor nas mansões celestiais. Sei que esses momentos são difíceis para os filhos, pois, entendo que mãe é norte da família. Antônia não se esqueceu de viver com dignidade mesmo em meio a todas as provações da vida, pois nunca teve dúvida em quem havia crido e sempre esteve certa de que Ele seria poderoso para guardar o seu tesouro até o dia final. Glórias ao Senhor!

Quero em nome de toda nossa família enviar o nosso abraço fraterno aos filhos, filhas, netos, netas, amigos, primos, primas, amigos e amigas e a todos aqueles que de perto ou de longe conheceram, amaram e intercederam pela irmã Antônia e sentem muito por esse momento de dor.

Sei que o momento é de um misto de dor pela separação e gratidão por tão bela vida, mas não nos esqueçamos... nossa querida irmã Antônia, voltou para casa. Estamos no caminho de volta para o lar!!!


sábado, 13 de novembro de 2021


Tem uma moça no meu lugar

Era um final de semana prolongado e a viagem de ida para Cachoeiro, saindo do Rio de Janeiro, fora sensacional. Eram três amigos e as duas moças viajaram juntas e o rapaz, eu, fui separado, mas numa poltrona que ficava ao lado das amigas.

Chegamos felizes na cidade e a alegria de rever as famílias, amigos e igreja era renovada a cada retorno.

Tudo correu bem na viagem!  Além de usufruirmos da tranquilidade da cidade, aproveitamos para curtir, colocar a conversa em dia e desfrutarmos do prazer de passar um final de semana juntos.

No domingo, fomos à Igreja, como de costume. Aproveitamos para relembrar os muitos momentos vividos nos corais, conjuntos e na famosa EBD, onde os debates eram bem acirrados.

O almoço, como não poderia deixar de ser, foi entre os familiares. A alegria estava estampada no ar! As piadas eram sobre tudo e todos, sem nenhuma piedade; os apelidos da infância foram lembrados e as risadas abundantes.

No final da tarde, fomos para o culto noturno e os cânticos e hinos cantados nos emocionaram. Findado o culto, era hora de ir à casa, pegar as mochilas e partir para rodoviária.

Na viagem de retorno, houve um problema. Entrei por último no ônibus e quando cheguei, percebi que minha amiga estava sentada no meu lugar. Gentilmente, pedi que ela trocasse de lugar, pois eu queria viajar ao lado da minha outra amiga e o número da minha passagem, assim o permitia. A poltrona dela ficava numa dos últimos assentos do ônibus. Ela teimou, dizendo que não sairia de jeito nenhum! Que situação!

Eu desci e falei com o motorista: - Senhor, tem uma moça no meu lugar e eu gostaria de viajar ao lado de minha amiga. Ela se recusa a sair! O motorista subiu, pediu que ela apresentasse sua passagem e disse: - Senhorita o seu lugar é na poltrona 36, você poderia deixar o rapaz sentar no lugar dele? Foi uma cena constrangedora... ela saiu cheia de raiva e sentou-se lá no fundo do veículo imensamente aborrecida.

Quando chegamos ao Rio, aquela moça ainda estava irada! Permaneceu assim, sem falar comigo, por um bom tempo. Confesso que mereci, pois isso não se faz.

Vivi essa história e jamais faria isso outra vez! O mais importante é que, apesar da peraltice, a amizade continua até os dias de hoje.

É isso por hoje... é vida que segue!

 

sábado, 6 de novembro de 2021


 What’s going on!  (O que está acontecendo...)

Sempre gostei de Marvin Gaye como cantor!  Na minha modesta opinião, ele foi o melhor representante da música soul, estilo norte americano conhecido como “música da alma.” Era um cantor extraordinário e interpretava como poucos. Conseguia tocar a alma com sua sensibilidade e o timbre maravilhoso de sua voz.

Anos 70, cenário de desigualdades e segregação raciais invadiam os EUA, a terra do Tio Sam.  Violência policial - especialmente contra os negros que se recusavam sentar nos locais destinados a eles nos ônibus e lanchonetes - era um fato comum. A sociedade em efervescência social, jovens buscando caminhos alternativos através do uso das drogas que proporcionavam viagens, muitas, infelizmente, sem volta. A guerra no Vietnã ainda em ebulição, ceifou muitas vidas, custou milhões de dólares e trouxe uma das maiores e mais vergonhosas derrotas para os EUA.

É neste contexto que “What’s Going on” foi escrita. Uma canção de protesto, gravada em 1971.

A despeito de sua genialidade, a vida familiar de Marvin, desde a infância, foi marcada por adversidades. Seu relacionamento com o pai era difícil devido à relação abusiva e violenta que este mantinha com sua mãe e irmãos.

Após uma discussão do pai com sua mãe, Marvin resolveu defendê-la e agrediu o seu genitor. Este por sua vez, foi ao quarto, pegou uma arma, disparou duas vezes contra o filho e tirou-lhe a vida.  Posteriormente, alegou legítima defesa. Trágico, pois a arma fora presente do próprio filho.

Depois de mais de meio século, essa expressão não quer calar: o que está acontecendo...

O que está acontecendo… nossas crianças estão morrendo de fome em várias partes do mundo, em especial no Continente Africano, fruto de ditaduras que passam incólumes diante das grandes nações.

O que está acontecendo... nossa sociedade não tem protegido nossas crianças da violência dos adultos, assim sendo a trajetória de vida desses pequeninos tem sido interrompida.

O que está acontecendo... com a nossa sensibilidade e empatia pelo outro. Nos agredimos, gratuitamente, pelas redes sociais, no trânsito, nos estádios de futebol. Enganamo-nos achando que somos poderosos diante de um computador, atrás de um volante e no meio de uma torcida.

O que está acontecendo…, a volúpia dos nossos líderes pelo poder tem levado milhares de pessoas à morte. Para se perpetuarem no poder, manobras são feitas privando crianças de alimentação, saúde e educação.

O que está acontecendo...  a inversão de valores tem mudado a conotação do certo e errado. Vivemos um tempo em que tudo é relativo. A verdade está deixando de ser verdade, pois “muitos” têm defendido suas próprias filosofias de vida como verdade absoluta.

O que está acontecendo...  o povo cristão tem feito escolhas de vida que não refletem os valores exarados na Bíblia, a Palavra de Deus.  Alguns princípios são contrários aos ensinos de Jesus, o nosso maior exemplo de vida.

O que está acontecendo...  a humanidade vive à deriva, busca cura para os males que estão surgindo nos últimos tempos e desafia a ciência a cada nova pandemia que surge ao redor do mundo.

O que está acontecendo... com a fé do homem em Deus e o desejo de cumprir as palavras de Jesus na sua relação com o seu semelhante descrita em Mateus 12:7 – “Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas".

Vale a pena aceitar o desafio diário de fazer aos outros o bem que desejamos receber.

É isso por hoje... é vida que segue!!!

domingo, 31 de outubro de 2021

Crônica do final de semana


 Culto na porta dos fundos de um manicômio

Nos anos oitenta, era comum a realização de intercâmbios entre as igrejas. Um grupo viajava e passava o final de semana em outra cidade ou na mesma, geralmente, hospedado nas casas dos irmãos.

Em uma tarde ensolarada no Estado do Rio de Janeiro, nossa igreja recém-chegada à cidade, trabalhava com a liderança anfitriã a revisão da programação que seria realizada no sábado e domingo.

Nessa ocasião, parte do grupo saiu para conhecer a cidade. Eles ficaram encantados com uma determinada praça por ser bem movimentada. Pensaram ter achado o local ideal para realização de um “culto ao ar-livre”. A proposta foi questionada pelos irmãos que conheciam o local. Alegaram que o movimento da praça era em função de um hospital, mas não quiseram contrariar os visitantes e nem entraram em detalhes. Planejamento feito, chegou a hora de colocá-lo em prática.

A programação do sábado foi ótima! Todos ainda embevecidos, lembravam-se saudosos do encontro. O retorno à cidade natal seria na noite de domingo.

O ponto alto nos intercâmbios eram as programações evangelísticas porque incentivavam as igrejas anfitriãs e davam à igreja visitante um novo gás no evangelismo de rua, principalmente. Era uma maravilha!

Um “culto ao ar livre” foi marcado para o final da tarde de domingo. O local escolhido era bem movimentado e a todo momento os transeuntes se aproximavam do grupo. Os irmãos participavam, efusivamente, dando glórias e aleluias a Deus. Abro parênteses para dizer que, se tem algo que anima os pregadores, dirigentes e ministros de louvor é a interação dos fiéis. Existia um clima de êxtase no ar!

Ao final do culto, o pregador aproveitou a oportunidade e fez um apelo, desafiando as pessoas a aceitarem a Jesus. Para alegria geral, algumas pessoas levantaram as mãos e imediatamente receberam apoio dos conselheiros e tinham seus nomes anotados.

Entretanto, um fato inusitado aconteceu que surpreendeu a todos! Um grande portão foi aberto... do seu interior saíram três enfermeiros. Eles chamaram o grupo de “decididos” para entrarem no interior daquela fortaleza, pois o tempo deles havia acabado. Como assim?

Somente nesse m-o-m-e-n-t-o, os irmãos se deram conta que alguns dos decididos no culto eram internos do manicômio e estavam sendo recolhidos pelos cuidadores, deixando no ar um misto de surpresa e estupefação. Que situação!!!

Fica a lição: tal fato não teria acontecido se tivéssemos ouvido a liderança da igreja local, pois eles conhecem melhor o lugar onde moram.

É isso por hoje... é vida que segue!

 

sábado, 23 de outubro de 2021


Senhor, manda fogo do céu...


Nos idos dos anos 80, os jovens da Igreja Batista do Aquidabã aceitaram o desafio de fazer um intercâmbio com a Primeira Igreja Batista em Ipatinga, no estado vizinho de Minas Gerais.


Saímos de Cachoeiro na sexta-feira, no final da noite. Uma longa viagem até o Vale do Aço nos esperava. Um grupo foi de ônibus, outro de Kombi e recordo-me bem do local em que sentei, no segundo veículo, para enfrentar 7 (sete) horas de jornada.


Chegando à cidade de Ipatinga, passamos pelos rituais de boas-vindas e apresentação das famílias anfitriãs. Foi uma bela recepção!


Na parte da tarde, um grupo saiu para conhecer a cidade, enquanto o outro se preparava para o culto da noite. Claro que fiquei no segundo grupo!


A proposta para o culto noturno era maravilhosa: um grupo encenaria Elias, no monte Carmelo. Caso você não se recorde, essa é a história do homem de Deus, Elias, que desafiou os 450 (quatrocentos e cinquenta) profetas de Baal (I Reis 18.16-46).


Foi uma bela apresentação dos jovens artistas de Aquidabã no salão da igreja local. Confesso que fiquei impressionado com a performance do grupo. Eles foram demais!!!


Conforme o relato bíblico, os atores e profetas de Baal oravam e nada acontecia. Então, chegou o momento do profeta Elias desafiar seus oponentes. Ele pediu a demonstração do poder de Deus e foi atendido. Mas, algo deu errado na peça, e o que se esperava...


É preciso abrir um parêntese para dizer que, nos bastidores, alguém teve a brilhante ideia de colocar pólvora no meio do altar, num cenário feito de madeiras e panos para dar um ar de realidade.


Assim, enquanto o profeta Elias orava: - Senhor, manda fogo do céu..., fósforos eram riscados e jogados em direção ao centro do altar, onde estava uma bela quantidade de pólvora, estratégica e cuidadosamente colocada no meio do palco.


Depois de muita insistência com a oração do profeta e nada de fogo, finalmente o contrarregra conseguiu atingir a pólvora, após lançar inúmeros palitos de fósforos. Houve uma pequena e inesperada explosão, suficiente para derrubar o altar. O profeta levou um baita susto e com o impacto da explosão, caiu.


A congregação não conseguiu segurar o riso e foi um festival de gargalhadas. O mais dramático foi que me passaram a palavra para pregar, mas o clima pedia qualquer coisa, menos meditação.


Agradeci o povo, segurando o riso, orei e encerrei o culto. Após, fui dar uma olhada no profeta e ele estava bem, apesar do susto.


É isso por hoje...é vida que segue!

 


 

sábado, 16 de outubro de 2021

Crônica do final de semana...


O desafio de ser professor...


Dia 15 de outubro, sexta-feira, comemoramos o Dia do Professor, esse profissional valorizado por uns governos, desvalorizado por outros, mas que continua desempenhando sua profissão com esmero e competência em tempos difíceis como esses que estamos vivendo.


Todos nós temos um professor que marcou nossas vidas. No meu caso, tive vários que marcaram várias fases de minha vida e gostaria de citar todos eles. No entanto, gosto de falar da primeira que carinhosamente era chamada de Dona Juraci. Uma negra bonita, muito charmosa e que tinha um imenso carinho por seus alunos e os tratava como filhos. 


Confesso que minha vida de aluno nunca foi daquele tipo brilhante, mas nunca tive dificuldades para “passar” de ano. Na medida em que fui crescendo, passei a sentar no fundo da sala de aula, pois era um aluno tímido e tentava me esconder dos olhares dos professores. Em alguns momentos, aproveitava as oportunidades para conversar, nada demais para um aluno da sexta série.


Era um tempo bem diferente! Recordo-me muito bem que existiam alguns grupos na sala e alguns tipos de privilégios eram oferecidos, por certos professores, para alguns alunos que sentavam em determinados lugares e que moravam em certos bairros. Naquela época isso era normal.


Certa vez, a professora de ciências marcou uma avaliação e pediu que todos estudassem bastante e logo pensei: “vou tirar dez nessa prova!” Fui para casa e estudei, estudei e estudei... 


No dia da prova, meu coração estava quase saindo pela boca! Assim que recebi aquela folha cheirando a álcool e com dez questões, comecei a respondê-la com confiança e descrevi com vontade todo o meu conhecimento. Terminei, fui à mesa da professora e entreguei minha obra de arte.


Na semana seguinte, a professora chegou à sala, iniciou a devolução das provas e como de costume, pelas notas menores. Minha expectativa era enorme, pois na minha cabeça eu havia acertado um bom número das questões. O tempo foi passando e nada de chamar o meu nome. 


Depois de eternos dez minutos, finalmente, meu nome foi chamado por último e timidamente percorri aproximadamente uns oito metros sob os olhares dos colegas. Vivi uma das experiências mais complicadas da minha vida como aluno. A professora me olhou... olhou para a prova... repetiu os gestos e sentenciou: - Essa prova não é sua!!! – timidamente tentei dizer: “mas professora essa prova é minha!” Ela foi enfática: - vou levar para casa, rever essa nota e a devolverei na semana que vem!


Como não se podia questionar os mestres, voltei para o meu lugar com a pior das sensações que um menino de 12 anos poderia sentir, simplesmente, porque a professora achou que ele não poderia tirar 10 (dez). Fui covardemente humilhado diante dos meus colegas de turma.


Como prometera, na semana seguinte ela trouxe a prova. Parecia insatisfeita e com um certo rancor, disse-me: - Essa prova é sua, mas não sei como você tirou essa nota! 


Em outras palavras... não esperava que você tirasse a melhor nota da turma. Como conseguiu superar os meus queridinhos?


Foi uma experiência bem traumática, mas que me trouxe muitos ensinamentos úteis para minha vida.


Primeiro decidi que, ao me tornar um professor, jamais repetiria o gesto da minha professora de Ciências. 


Aprendi a valorizar todos os meus alunos, independente da classe social e da maneira como aprendem. Todos eles são importantes na realização do meu trabalho.


Compreendi que, quanto mais próximo estivesse dos alunos, melhor me comunicaria com eles. Isso se daria de maneira muito simples: reservando tempo para ouvi-los. Eu os conheceria e me tornaria conhecido. Assim sendo, nossa interação na sala de aula seria melhor.


Trabalhei no Colégio Batista Rio e nos momentos de recreio, ficava no pátio jogando bola ou participando de outras atividades com as crianças. Minha presença na sala dos professores acontecia quando era solicitada. Quando entrei no serviço público e fui trabalhar no curso de formação de professores, aproveitava todas as oportunidades, os momentos do recreio para comer e compartilhar experiências da vida com os futuros professores e professoras. Como foi importante e como laços foram criados que permanecem até os dias de hoje!


Minha experiência com aquela professora foi fundamental para o meu desenvolvimento pessoal. Sempre sonhei em ser um educador dinâmico e envolvido de corpo e alma com a minha profissão. Acredito que tenha conseguido!  A cada dia tenho visualizado mais desafios na minha carreira de professor e tenho descoberto talentos que estão em pleno desenvolvimento.


Mais uma vez, quero parabenizar a todos os professores pelo Dia dos Mestres e pedir a Deus que os guarde nos trabalhos e desafios diários.


Quero concluir com uma confissão: todas as minhas experiências no magistério foram inspiradas naquele que foi o meu exemplo maior de professor e que na minha opinião deve ser o alvo de todas os professores: Jesus, Mestre por Excelência. Ele foi e tem sido minha inspiração de vida no magistério e ministerial. A Ele toda honra e glória!


É isso por hoje... é vida que segue!!!