.

.

sábado, 30 de abril de 2022


QUEM MOLHOU O CALÇÃO DO JOSÉ?

Era um dia como todos os outros na então pacata cidade de Cachoeiro de Itapemirim, especialmente para dois meninos de aproximadamente 16, que mais pensavam em jogar futebol do que necessariamente trabalhar. Jogar bola era sinônimo de liberdade e vida boa... mas trabalhar, hum... vamos deixar isso para lá.

Esses dois amigos trabalhavam desde cedo pois, naquela época, era importante começar a trabalhar bem cedo, porém os pais não descuidavam da educação daqueles meninos que cresciam no círculo social que envolvia igreja, futebol e muitas estrepolias que seus pais só tomaram conhecimento anos após.

Eles trabalhavam numa fábrica de seringas de vidros de uso veterinário. O trabalho consistia em cortar os tubos e ajustá-los para que fossem colocados numa capa de latão cromado. Era um trabalho mecânico, porém era necessário ter muita precisão para que nenhum liquido se perdesse no processo de aplicação do remédio.

A fábrica ficava no térreo da casa do patrão “Seu Joãozinho”, que era um sujeito que gostava muito de conversar e que tinha um coração tão grande que diziam que ele tinha um coração de mãe. Os dois meninos chegavam na fábrica pontualmente, às 07h da manhã, para realizarem suas tarefas diárias.

Sempre por volta das 09h da manhã, tomavam café e depois voltavam ao trabalho. Eis que um certo dia, ao tomarem café, um copo bem cheio foi derramado pela mesa e na pressa de resolverem o problema, eis que viram o calção do menino que trabalhava na parte da tarde, chamado Santos, pendurado bem diante daqueles olhos. Pegaram o calção e secaram o café derramado e recolocaram a pela de roupa no mesmo lugar.

Na parte da tarde, Santos o dono do calção chega e quando vai vestir o calção percebe que está molhado de café , começa a chorar e ,  usando a prerrogativa de ser irmão de um dos sócios,  reclama e abre uma enorme crise entre o “Seu Joãozinho”, e os dois meninos, pois ele ficara extremamente aborrecido.

Os dois amigos são chamados ao escritório do “Seu Joãozinho”, que diz: - quem molhou o calção do José? Os dois meninos responderam quase a uma só voz – não fui eu! Ele perguntou pela segunda vez: - quem molhou o calção do José? As respostas dos meninos foram as mesmas. Então o “Seu Joãozinho”, resolveu dar uma suspensão de três dias nos dois meninos.

Os meninos foram para casa e durante os três dias, aproveitaram para jogar bola, correr atrás de pipas e tomar banho no rio, enquanto o José, causador da encrenca estava trabalhando sozinho, tentando dar conta dos pedidos que não paravam de chegar.

Findado os três dias de suspensão, os dois amigos voltam com um plano combinado de que não iriam falar quem havia sujado o calção do José, limpando a mesa suja de café. Foram chamados ao escritório para conversarem com o “Seu Joãozinho” sobre o ocorrido.

A primeira pergunta feita pelo “Seu Joãozinho”: - pela última vez... quem molhou o calção de José? Se não aparecer o autor vou despedir os dois. Vocês entenderam?

Os dois amigos conforme combinado, fingindo choro, disseram: - “Seu Joãozinho”, o sr. pode nos despedir, aqui estão nossas carteiras de trabalho, mas saiba que estará cometendo uma grande injustiça.

Quando o “Seu Joãozinho”, ouviu aquilo parou e disse: - não entendo porque estaria cometendo uma injustiça! Com as caras mais lavadas eles disseram: - naquele dia choveu o senhor não se lembra? Ele parou, pensou e gritou para sua esposa no andar de cima: - Sandrinha, choveu na quinta-feira? Ao que ela respondeu, também aos gritos: - sei lá, acho que choveu!

Quando o “Seu Joãozinho” ouviu a resposta da esposa chamou o José e deu-lhe uma bronca, dizendo que ele precisava crescer a aprender a ser homem e que não deveria acusar os amigos de coisas que eles não haviam feito. Os dois amigos nem se olhavam para não rirem. Foram reconduzidos para o trabalho com pedidos de desculpas do patrão.

Os amigos votaram para o trabalho contando e exagerando nas histórias de tudo que fizeram enquanto o José, trabalhava sozinho. O menino sofreu bastante nas mãos dos amigos descontentes com a situação que fora criada. Mas como meninos brigam e depois voltam as boas...

O tempo passou e aquele amigos, agora homens, continuam amigos incluindo o José. Sempre que podem se encontram e dão boas gargalhadas das situações que viveram e aprontaram na adolescência.

É isso por hoje... é vida que segue!