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sábado, 11 de dezembro de 2021


Alguém abra um pouco a janela, por favor...

Foi um final de tarde bem diferente na Grande Vitória. Voltava para casa, após enfrentar um belo engarrafamento no centro da capital capixaba e seguir pela segunda ponte. Observava o céu com muita desconfiança e pensava: “essa noite vai chover.”

Abro parênteses para dizer que quem mora em Vila Velha vive emoções bem especiais em dias de chuva, sabe que após uma noite de chuvas torrenciais, o carro deve ficar, preferencialmente, em casa e partir para o trabalho de coletivo, caso não queira ficar preso a um mar de águas pluviais.

Como anunciado pelos meteorologistas, caiu uma forte chuva que se estendeu a noite inteira. Confesso, não consigo dormir bem em noites assim…

No dia seguinte, levantei bem cedo, como de costume. Separei  guarda-chuvas, sapatos, mochilas e fui em direção ao ponto de ônibus. Sempre gostei de utilizar esse meio de transporte, pois dentre outras coisas é uma fonte de boas histórias, coisas do tipo: “o ser humano é um quadrúpede de dois pés.”

O coletivo chegou ao ponto do embarque, entrei e me posicionei num local estratégico, bem próximo da porta e de uma janela, pois em tempos de pandemia, todo cuidado é pouco.

À medida que a curta viagem foi se desenvolvendo, aproveitei para ficar observando a quantidade de água que inundava as ruas de Vila Velha. Situação bem calamitosa! Sem contar com o grande engarrafamento que se formou, porque os carros mais baixos não conseguiam passar e impediam os ônibus de avançarem. Experiência maravilhosa.

De repente... iniciou-se uma discussão no ônibus por causa das janelas fechadas. Uma senhora bem revoltada, começou a brigar dizendo: - É um absurdo esse ônibus todo fechado. Vocês não têm consciência de que estamos vivendo numa pandemia?  Claro que me interessei em ouvir a história, afinal gosto de histórias de ônibus.

Após muita reclamação dela, respostas nada elegantes de outros passageiros e uma confusão generalizada, o coletivo finalmente chegou ao terminal.

Após todo aquele episódio, fiquei pensando na solidão daquela senhora e na reação das pessoas. Ela estava totalmente correta nas suas ponderações! Entretanto, os outros passageiros se colocaram contra e como se não bastasse, a ofenderam.

Fico impressionado como somos fechados e ensimesmados nos nossos próprios interesses. As vezes, tomamos atitudes individuais que prejudicam toda uma coletividade e não nos preocupamos com isso. Temos a impressão de que o mundo gira ao nosso redor.

Os tempos são difíceis e penso que quanto mais solidários nós formos, vamos não somente contribuir para a nossa saúde, mas também para uma sociedade um pouco melhor. Como alguém já disse no passado, “ninguém é uma ilha e somos dependentes uns dos outros.”

Gosto da expressão bíblica que diz: “Portanto, tudo quanto quereis que as pessoas vos façam, assim fazei-o vós também a elas, pois esta é a Lei e os Profetas”.  Mateus 7:12. Entendo que este versículo ilustra muito bem a atitude da maioria das pessoas nos nossos dias, desejamos que nos façam o bem e não nos cansamos de fazer ou mesmo desejar o mal aos nossos semelhantes.

Que as janelas dos nossos corações sejam abertas, que a brisa divina e o sol da justiça entrem, iluminem e aqueçam nossas vidas.

Alguém abra um pouco a janela, por favor...

É isso por hoje... é vida que segue.

 

 

 

 

 

 

9 comentários:

  1. Excelente Reflexão!!! Deus quer que sejamos cordiais, generosos uns para com os outros...

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  2. Infelizmente vivemos em uma sociedade onde o certo se torna errado em inúmeras situações,que possamos sim abrir a janela respirar a brisa divina.

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  3. Abrir as janelas significam grandes coisas que podemos compartilhar com o próximo; o amor, a gentileza e a compaixão. Estarmos nessa posição é sermos gratos com Deus. Parabéns, Roberto pela sua perseverança e de olhar o mundo com os olhos mais humanos. Paz de Cristo.

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  4. Reflexão maravilhosa! Mas infelizmente a humanidade estão de portas e janelas trancadas, aonde só tem olhos para o "seu eu". A empatia se perdeu ou melhor morreu dentro dessas janelas fechadas.

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  5. Esse é o recorte dá sociedade de hoje... inversão de valores e o desrespeito impera.Raridade encontramos situação de empatia e solidariedade, a não ser em tragédias...

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  6. Infelizmente hoje as pessoas estão muito impacientes eu sinto a falta de amor !! Só Deus!!

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