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terça-feira, 30 de março de 2021

Crônica do final de semana...

 


Baterista por acaso...

Sou de uma família de seis irmãos e desde cedo, como criança, num tempo sem a concorrência eletrônica dos nossos dias, nutria uma paixão pela música, porque o nosso passa tempo era ouvir rádio, considerando que aparelho de TV era para pessoas mais favorecidas.

Desde cedo aprendi a admirar e gostar de música através do meu tio Reinado, de saudosa memória, que possuía uma extraordinária habilidade no trato com o violão e o meu maior prazer era de ouví-lo tocar e assim o programa da família era todos os finais de semana deslocar-se do bairro dos ferroviários até o Km 90, para as alegres tardes de domingo da criançada.

Lembro-me quando os meus primos que são grandes músicos, tentaram me ensinar a tocar trompete e o som que eu produzia era digno dos piores filmes de terror dos mestres do gênero.

O tempo foi passando e minha falta de talento com os instrumentos de cordas e metais era evidente para qualquer pessoa que passasse por perto nas minhas tentativas de aprender, como aquelas que passavam bem longe e diante desses fatos, dediquei-me de corpo e alma a minha timidez, como local mais seguro para esconder-me.

Na minha adolescência minha família começou a frequentar a Igreja Batista do Aquidabã e comecei a participar de um conjunto de homens e na época, Luiz Ribeiro e eu, éramos os mascotes daquele grupo. Cantar era mais fácil que tocar algum instrumento, isso no meu caso.

Nesse tempo comecei a cantar no conjunto de jovens e foi quando compramos nossa primeira bateria, que acabou trazendo escândalo para os mais velhos.  “Bateria dentro da igreja...”  - condenavam eles. Só que havia um problema: não tinha baterista e convidaram um rapaz para tocar o instrumento.

Certa vez, houve um encontro de jovens do Estado na nossa Igreja e o ensaio foi antes da programação e o baterista oficial não apareceu e como o ensaio foi um pouco antes do encontro e fiquei sentando no instrumento fazendo umas gracinhas, de repente ouvi uma frase do regente do grupo que mudou minha vida. O Neivaldo disse:

- Hoje você vai tocar!

Não preciso dizer que o meu coração quase saiu pela boca e minha vergonha era nítida e visível, até pelas criancinhas de colo. Consegui vencer todas as minhas limitações e tornei-me o baterista oficial do Conjunto Emanuel que marcou a minha vida e de muitas pessoas, mas essas histórias, serão contadas aos poucos e em outro momento.

Assim surgiu um baterista por acaso!

 



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