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sexta-feira, 19 de março de 2021

Crônica do final de semana...

 



Passa cachorro

Estava no meu primeiro ano de seminário e como todo seminarista, não poderia perder a chance de pregar, ainda que fosse para cadeiras e mesas, num público do imaginário.
Naquela época, nos meses de férias, os estudantes de teologia voltavam para o seu estado ou se dirigiam para outros, a fim de realizar o chamado trabalho de férias que consistia em passar um período numa igreja ou congregação ajudando e ganhando experiências.
Saí da minha casa em Cachoeiro com uma grande mala e dirigi-me ao ponto de ônibus para embarcar no velho ônibus da Viação Real. Após acomodar minha bagagem, entrei para encarar uma viagem de pouco mais de uma hora.
Chegando em Jerônimo Monteiro, fui extremamente bem recebido pela saudosa irmã Helena Brito, vice-presidente da Igreja e sua irmã Ceci, onde fiquei hospedado para iniciar minha jornada de 15 dias.
O início da jornada foi bem intenso com visitas aos irmãos que moravam na roça e com direito a fazer algumas refeições oferecidas com todo carinho. Como bom visitante, procurava não decepcionar os anfitriões. Tomava suco de maracujá natural, praticamente o dia inteiro e quando chegava na parte da tarde era um sufoco conter a sonolência!
Na segunda semana, fui convidado para pregar no aniversário de 01 aninho de Fernanda, na roça. Preparei-me com muito entusiasmo para o grande evento, afinal seria um grande acontecimento naquela comunidade!
Chegamos bem cedo ao local do culto e percebi, sentado na porta da casa da aniversariante, um enorme cachorro que me olhou de maneira estranha e não perdi a oportunidade de retribuir o mesmo olhar. Senti que ele observava todos os meus passos, pelo menos meu medo me passava esse sentimento.
O culto aconteceu normalmente. Uma mesa foi colocada no centro do quintal e foi uma grande festa para minha alegria! Chegando ao final do culto, ficamos por ali conversando, enquanto o povo da casa dava os últimos retoques para cantar
parabéns
no interior da residência. E o cachorro não tirava os olhos de minha pessoa.
Ao final de uns 15 minutos, arrumando minhas coisas que estavam sobre a mesa, eis que sinto algo puxar a barra da minha calça e num gesto de puro reflexo, gritei: passa cachorro!!! Quando me virei, percebi que era a aniversariante me chamando para cantar
parabéns
. Os convidados gargalharam com força! Imediatamente, abracei a Fernanda e pedi desculpas, mas o estrago já havia sido feito.
Fiquei mais uma semana na igreja e a galera jovem não perdia tempo...
Todas as vezes que estávamos juntos, gritavam: passa cachorro!
Bom dia !!!

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