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sábado, 25 de setembro de 2021

Crônica do final de semana

O Caso do Guarda-chuva


Era uma daquelas noites chuvosas na cidade do Rio de Janeiro e ao sair do culto na Primeira Igreja Batista em Manguinhos, fui em direção ao ponto de ônibus torcendo para que o ônibus passasse logo, pois estava com fome, frio e a chuva incomodava.


Entrei no veículo e como era de costume, dei uma olhada de inspeção tentando localizar algum indivíduo com atitude suspeita e após aquele exame, ocupei meu lugar no assento estratégico. Acredito que adormeci e quando abri os olhos já estava na Tijuca.


Desci do ônibus bem ao lado da Igreja Santo Afonso, atravessei algumas ruas até chegar à praça Saens Peña, praticamente vazia pelo horário e logo estava diante do Shopping 45, o maior da Tijuca, na época.


Ao lado do shopping que já estava fechado pelo horário, ficava uma loja do BOBS, minha parada predileta. Entrei e notei que no local havia poucas pessoas. Pedi meu lanche e deixei o meu guarda-chuva no balcão auxiliar que ficava na parede de frente, considerando que a loja era bem estreita.


Percebi que entrou um rapaz com uniforme cor de abóbora bem forte, foi ao banheiro e assim que saiu, pegou o meu guarda-chuva e evadiu-se da loja. “Olhe para trás” pensei no momento em que ele saiu. Logo vi que o meu guarda-chuva havia desaparecido.


Os atendentes me conheciam muito bem, então não pensei duas vezes e pedi a eles para tomarem conta do meu lanche, pois eu havia sido roubado.


Saí imediatamente do Bobs e fui atrás do indivíduo. Não fiz nenhum ruído, porém fui rápido o suficiente para alcançá-lo, sorrateiramente, como um animal preste a dar um bote. Ele se preparava para abrir o objeto roubado, mas dei um salto, tomei o guarda-chuva e gritei: você me roubou e vou chamar “os homens” (policiais), para te pegar. 


O susto que o sujeito tomou foi tão grande que ele atravessou a rua General Roca numa velocidade de fazer inveja a Usain Bolt. Confesso que fiquei com inveja da explosão muscular do rapaz.


Voltei ao Bobs totalmente transtornado, aparentemente sem nenhuma gota de sangue no rosto, com os olhos arregalados e fisionomia de desesperado.


Meus amigos da loja perguntaram o que havia acontecido e totalmente trêmulo, quase sem conseguir falar, disse que havia sido assaltado e corri atrás do ladrão, mas consegui recuperar meu guarda-chuva. Logo, providenciaram água e confesso que aquele lanche desceu com extrema dificuldade.


Passado o susto, mas com medo do que poderia vir acontecer, me vi diante de um novo problema, chegar à casa tendo que subir por toda rua Desembargador Izidro e ainda subir a colina para chegar no internato.


Deixei o Bobs olhando para todos os lados, sinalizei para um táxi e pedi que me levasse até à praça da maledicência (isso é outra história), no Seminário.

Aprendi naquela noite que não vale a pena reagir a um assalto e muito menos cometer a loucura de sair correndo atrás do ladrão. É certo que agi por impulso, mas compreendi que só temos a perder com tal atitude.  O desfecho poderia ter sido totalmente diferente e muito provavelmente não estaria aqui contando essa história.


É isso por hoje... é vida que segue!!!

 

4 comentários:

  1. Amei a crônica! Você escreve muito bem. Viajei na cena do texto da crônica.

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    1. Obrigado pelo carinho da leitura e fico feliz que tenha amado.

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    2. Pr Roberto sempre mexendo com as nossas estruturas com seu estilo pregador/escritor e com a sua marca registrada: "Vida que segue". Deus o abençoe e que possamos seguir a Cristo com as situações que todos nós vivenciamos no nosso dia á dia e kkk vida que segue !

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  2. Sei o que é ser assaltada, mas nunca reagi.
    Obrigada por me lembrar da Tijuca. Quanto tempo!
    Grande abraço, Amigo!

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