Porque parei de tocar violão
Quando
desembarquei no Rio de Janeiro para fazer meu curso de teologia, não imaginava encontrar
uma igreja que faria tão bem para minha vida, como a PIB em Manguinhos.
Na
medida que comecei a trabalhar nesta igreja, fui conhecendo as pessoas e
sentindo-me em casa, em especial pelo tratamento de filho que recebia do povo
de Deus.
Sempre
gostei de música e na igreja tínhamos um órgão com pedaleiras, carinhosamente
tocado pela irmã Dilma e por sua filha Rosana. Pedro tocava o poslúdio em um
miniteclado. Tempos depois, a saudosa
irmã Enir Cardoso, presenteou nossa igreja com uma bateria. Foi uma festa, pois
agora era possível o pastor baterista acompanhar Maxwell no seu violão. Fico
pensando na bondade dos vizinhos. Mas todos nós temos um sonho e o meu na época
era ser violonista como meu saudoso tio Reinaldo e o querido amigo Luiz Carlos Ribeiro,
do Conjunto Emanuel. Sempre gostei do
instrumento e de preferência bem tocado. Então, comprei o meu violão Giannini,
iniciei o meu treinamento objetivando minha apresentação no culto. No dia marcado, para surpresa de todos, lá
estava eu com meu instrumento afinado (pelo menos pensava que sim), preparado
para cantar e tocar. Que emoção!
Terminei
o sermão, anunciei-me como solista da noite e embora tentasse mostrar
tranquilidade, por dentro meu sangue circulava mil vezes mais rápido. A
expectativa de toda igreja era enorme!
Peguei
o violão, acomodei-o sobre a mesa e iniciei minha apresentação sob o olhar atento
do auditório. Percebi alguns sorrisos, aparentando aprovação e isso me fez
cantar com mais empolgação.
Terminada
a apresentação e o culto, fui entender que os olhares não eram de admiração e
sim de incredulidade daquilo que estavam ouvindo. A canção do Grupo Elo dizia:
- mas Jesus Cristo veio e me achou assim tão sujo e numa cruz derramou sangue
tão puro, foi assim que me salvou.
No
meu nervosismo inverti a letra e cantei: - mas Jesus Cristo veio e me achou tão
puro e numa cruz por mim derramou sangue tão sujo, foi assim que me salvou.
Os
jovens da igreja não perdoaram e durante vários meses fizeram coro e gozações
sobre minha apresentação. Foi depois desse episódio que parei de tocar violão.
Tenho certeza que o povo de Deus nada perdeu e a vida continuou a mesma, após
minha decisão.
É
isso por hoje... é vida que segue!
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