Baterista por acaso...
Sou de uma família de seis
irmãos e desde cedo, como criança, num tempo sem a concorrência eletrônica dos
nossos dias, nutria uma paixão pela música, porque o nosso passa tempo era
ouvir rádio, considerando que aparelho de TV era para pessoas mais favorecidas.
Desde cedo aprendi a admirar e
gostar de música através do meu tio Reinado, de saudosa memória, que possuía
uma extraordinária habilidade no trato com o violão e o meu maior prazer era de
ouví-lo tocar e assim o programa da família era todos os finais de semana
deslocar-se do bairro dos ferroviários até o Km 90, para as alegres tardes de
domingo da criançada.
Lembro-me quando os meus
primos que são grandes músicos, tentaram me ensinar a tocar trompete e o som
que eu produzia era digno dos piores filmes de terror dos mestres do gênero.
O tempo foi passando e minha
falta de talento com os instrumentos de cordas e metais era evidente para
qualquer pessoa que passasse por perto nas minhas tentativas de aprender, como
aquelas que passavam bem longe e diante desses fatos, dediquei-me de corpo e
alma a minha timidez, como local mais seguro para esconder-me.
Na minha adolescência minha
família começou a frequentar a Igreja Batista do Aquidabã e comecei a
participar de um conjunto de homens e na época, Luiz Ribeiro e eu, éramos os
mascotes daquele grupo. Cantar era mais fácil que tocar algum instrumento, isso
no meu caso.
Nesse tempo comecei a cantar
no conjunto de jovens e foi quando compramos nossa primeira bateria, que acabou
trazendo escândalo para os mais velhos.
“Bateria dentro da igreja...” -
condenavam eles. Só que havia um problema: não tinha baterista e convidaram um
rapaz para tocar o instrumento.
Certa vez, houve um encontro
de jovens do Estado na nossa Igreja e o ensaio foi antes da programação e o baterista
oficial não apareceu e como o ensaio foi um pouco antes do encontro e fiquei
sentando no instrumento fazendo umas gracinhas, de repente ouvi uma frase do
regente do grupo que mudou minha vida. O Neivaldo disse:
- Hoje você vai tocar!
Não preciso dizer que o meu
coração quase saiu pela boca e minha vergonha era nítida e visível, até pelas
criancinhas de colo. Consegui vencer todas as minhas limitações e tornei-me o
baterista oficial do Conjunto Emanuel que marcou a minha vida e de muitas
pessoas, mas essas histórias, serão contadas aos poucos e em outro momento.
Assim surgiu um baterista por
acaso!