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quarta-feira, 11 de junho de 2025


 A loucura de um amor que é louco por você...
(Pensamento livre sobre o dia dos namorados)
Crônica de quem não tem o que fazer e nem para quem escrever no dia dos namorados, mas é feliz por saber que muitos estarão comemorando esse dia.

Sou louco por você...

Pois todas as vezes que penso no seu sorriso, não tenho como esquecê-lo!

Sou louco por você...

Pois todas vezes que sinto o seu perfume em outra pessoa, não consigo parar de procurar por você!

Sou louco por você...

Pois todos os momentos que penso em conversar bobagens, não consigo me imaginar conversando com alguém que não seja você!

Sou louco por você...

Pois tento encontrar o seu sorriso em outras bocas, mas isso é impossível, pois ele só é possível nos seus lábios.

Sou louco por você...

Pois todos os dias quando estou tentando entrar para caixa do nada, você entra com toda força nos meus pensamentos e coração! 

Sou louco por você...

Pois, ao olhar para o mar para contemplar a força da natureza, você irrompe o meu ser e me brinca com a minha existência, como se eu fosse um graveto movido pelos simples movimentos das águas!

Sou louco por você...

Pois todas as vezes que atendo ao telefone do nada me vem suas frases preferidas e, por um momento, preciso me recompor para não citar o seu nome com pessoas estranhas!

Sou louco por você...

Pois a cada pôr do sol durante o inverno, quando os dias são mais longos, fico na esperança de ir até a praia para lhe encontrar, brincar, rir, te abraçar, te amar!

Sou louco por você...

Pois a cada vez que passo pelos lugares onde trocamos juras de amor eterno, me lembro das palavras do poeta que dizia que o amor é eterno enquanto dura, mas acaba!

Sou louco por você...

Pois quando penso nos nossos passeios noturnos e sempre que olhava o brilho dos seus olhos que refletiam as luzes do painel do seu carro era como contemplar um céu repleto de estrelas!  

Sou louco por você...

Pois todas as vezes que viajo de ônibus interestadual, preciso ter cuidado para não confundir a pessoa que está do meu lado com você de tanta falta que você me faz! 

Sou louco por você...

Pois mesmo sabendo que a distância me diz que você não virá e nem mesmo pensa em mim, jamais deixo de continuar imaginando que em algum momento você voltará!

Sou louco por você...

Pois quando penso na magia do seu olhar, me sinto incomodado, pois ela ainda consegue desconcertar e perturbar os meus pensamentos!

Sou louco por você...

Pois eu sei que, todas as vezes que penso no carinho e cuidado como nos tratávamos, parece que jamais viverei esses momentos com outra pessoa!

Sou louco por você...

Pois sempre que entro na lanchonete em que fazíamos nossos lanches, já me peguei pedindo o meu e o seu, e só depois entendi que você já não mais estava comigo!

Sou louco por você...

Pois sempre que procuro as covinhas de sua bochecha, sinais do seu belo sorriso, encontro gente com rostos fechados, como se as pessoas não fossem gratas pela vida que receberam.

Sou louco por você...

Pois sei que vou continuar vivendo, sorrindo e aproveitando a vida, pois sou cercado de pessoas queridas!

Sou louco por você...

Pois aprendi a valorizar os dias, meses e anos que passei contigo, pois esses dias contigo me deixaram lições preciosas que o tempo não pode apagar! 

Sou louco por você...

Pois sei que, mesmo que todos os acontecimentos da vida conspirem contra a loucura desse amor, sigo acreditando nele, mesmo que este insista em não acontecer em muitas vidas.

Sou louco por você...

Pois sei que preciso continuar na jornada da vida, esperando que dias melhores virão e oxalá o amor acontecerá e então o comemoraremos para sempre enquanto ele durar no dia dos namorados.

Feliz Dia dos Namorados!

terça-feira, 27 de maio de 2025


A outra metade da barata...
(Experiência do mutirão missionário para implantação da Primeira Igreja Batista em Bom Jesus do Galho, Minas Gerais)

Bom Jesus do Galho é uma cidade mineira que fica na região do Vale do Rio Doce, mas pertence ao cordão metropolitano do Vale do Aço e foi emancipada de Caratinga em 31 de julho de 1943. Conheci a cidade através de um Projeto da Junta de Missões Nacionais chamado de Mutirão Missionário que consistia juntar um grupo de jovens de vários locais e de alguns estados do Brasil, para sair de casa em casa compartilhando o evangelho.

A cidade era pequena e naquela época o meio mais prático de chegar até lá era através de carro ou ônibus, pelas estradas ora empoeiradas e, em outros momentos, com muito barro, pois o asfalto era apenas um sonho. Logo na chegada da cidade, para quem vinha de Caratinga, do lado esquerdo, estava a padaria e ao lado o açougue do mesmo dono, Sr. Juvenal.

Do lado direito, ficava a imponente Matriz da Igreja Católica, com as suas escadas e seu carrilhão que tocava a cada hora e, nos primeiros dias, acordei assustado durante a noite com o som que ficava justamente na direção do meu quarto.

Nos anos oitenta, cheio de vigor e muita energia, cheguei numa segunda-feira com um grupo de mais cinco jovens nos instalamos na pensão familiar do Sr. Nelson, que cuidava do estabelecimento com sua esposa e filha. Era um homem muito tímido e reservado, mas sua esposa e filhas tornavam o ambiente agradável, pois espalhavam simpatia. Nossa equipe, mesmo pequena, era extremamente empolgada e isso nos ajudava a avançar os 21 dias, que ficamos na cidade trabalhando no projeto.

Apesar do frio que fazia no lugar, por ser o mês de julho, a rotina do grupo era levantar bem cedo, para o encontro devocional, que consistia em fazer orações, leituras e compartilhamento de experiências. Após o café, era o tempo de sair às visitas que sempre eram cheias de surpresas, pois as pessoas da cidade estavam curiosas com o grupo de jovens. Em algumas casas fomos bem recebidos e em outras as portas sequer foram abertas. Isso não mudava e nem tirava o nosso ânimo.

Naquele turbilhão de emoções da juventude aconteceu um fato que mudou radicalmente a forma como as pessoas nos recebiam. Havia um padre novo na cidade, tão novo quanto eu, e ambos gostavam de futebol. Todas as segundas e terças, havia um jogo na quadra que ficava no centro da cidade e então resolvemos marcar para semana seguinte uma partida entre o time do pastor e do padre.

Foi um acontecimento que parou a pequena cidade numa segunda-feira, por volta das 19h. As torcidas organizadas fizeram a festa e torceram pelo espetáculo, pois tive o cuidado de misturar os jogadores para não criar rivalidades e foi um grande jogo e ao final todos foram aplaudidos pela festa proporcionada pelos times do pastor e do padre. Nos tornamos amigos e gostei muito de ouvir histórias das Minas Gerais e contar algumas do Rio de Janeiro. A partir daquele dia, foi fácil fazer amizade com o povo da cidade.

Os nossos dias naquela cidade eram bem movimentados e interessantes. Saíamos pela manhã e a cada casa que era visitada, além de entrar e conversar sobre assuntos variados, preencher o nosso relatório, sempre nos ofereciam não um simples cafezinho, mas um daqueles antigos copos duplos e bem cheios e, confesso que, ao final da manhã, já havia consumido, sem exagero, mais de um litro da bebida.

Depois de alguns dias nos ambientamos na cidade e adquirimos um hábito de todo final de tarde, no retorno das atividades, passar na padaria, ouvir mais histórias do Sr. Juvenal e comprar o famoso bolo de fubá, muito disputado pelos membros da minha equipe. Depois de uma grande disputa, tomei posse do meu e pedaço e enquanto caminhava os quarenta metros entre a padaria e a pensão, fui pensando no esperado momento do café da tarde. Era um tempo de compartilhar as experiências do dia.

Ao chegar na pensão fui direto ao meu quarto, que também funcionava como escritório com uma mesinha espremida entre duas camas e uma janela que ficava de frente para rua. O cheirinho de café exalava pelo ar e praticamente fui conduzido pelo aroma até um lugar. Cheguei, sentei e com muito cuidado depositei o líquido no copo, peguei o meu pedaço de broa, dei uma preciosa mordida, e tomei um bom gole de café. Aquele momento foi tão importante que me fez viajar pela minha infância pelas broas que a minha mãe fazia muitas vezes no velho fogão de lenha.

Meus pensamentos divagavam totalmente livres de amarras e a mordida sentia o gosto da liberdade da minha infância. Um voo totalmente livre, apesar de estar bem sentadinho à mesa com meus amigos. Tudo corria muito bem, até que meus pensamentos foram interrompidos por um som crocante que senti da minha boca em certo momento de uma das minhas mastigações. Muitos pensamentos passaram pela minha cabeça, mas desconfiado, cuidadosamente, olhei para o pedaço da broa que estava na minha mão, sem querer imaginar o que poderia estar acontecendo e, para o meu desespero, descobri que havia a metade de uma barata.

Levantei-me imediatamente e corri para o banheiro e coloquei-me a lavar a boca com tanta vontade que, por um momento, imaginei que retiraria todo o esmalte dos meus dentes de tanta força empregada na escovação. Voltei à mesa e resolvi conferir o pedaço que havia deixado no prato, pois, na minha ilusão, poderia ter tido uma impressão errada, mas, para o meu desgosto, lá estava a outra metade da barata.

Naquele momento, meus colegas de equipe foram solidários e um deles me acompanhou até a padaria para reclamar com o Sr. Juvenal, que foi muito simpático e me disse: “ainda bem que era barata velha, pois se fosse novinha você comeria e nem sentiria!” Caímos na risada e assim a questão foi resolvida, mas confesso que fiquei mais de uma semana sem comer bolo de fubá e comia pão aos pedaços para evitar acidentes desagradáveis.

Ao final dos 21 dias de trabalho incessante, foi muito difícil deixarmos a cidade, pois alugamos um local para nossas reuniões e anos depois foi organizada como Primeira Igreja Batista em Bom Jesus do Galho. Fico feliz por ter liderado a equipe que deu os primeiros passos na organização daquela congregação, mas a história da barata jamais será esquecida. Claro que nos dias atuais a possibilidade de tal fato ocorrer é bem reduzida, mas pode acontecer. Esteja atento!

É isso por hoje... é vida que segue!

domingo, 11 de maio de 2025

 




YESTERDAY, UMA CANÇÃO PARA O CORAÇÃO... E O DIA DAS MÃES!

Nasci entre o interior de Cachoeiro de Itapemirim e Vargem Alta, que, na época, era distrito da Capital Secreta do Mundo. Pela saudosa estrada de ferro da Leopoldina era mais fácil chegar ao distrito que possuía um Cartório, e lá foi lavrada minha certidão de nascimento. Mais tarde, em 1988, através de um plebiscito, o distrito foi emancipado e se tornou uma cidade. Afinal, eu sou de Cachoeiro ou de Vargem Alta?

Independente da minha crise de registro de nascimento, minha família se mudou para Cachoeiro e, como eu era miudinho, segundo diz a minha mãe, surgiu o Robertinho, que persiste até os dias atuais. O menino foi crescendo e gostava de ouvir músicas no rádio enquanto brincava. Ele tinha um tio chamado Reinaldo, de saudosa memória, que era o seu ídolo, pois, além de passar horas na sua casa, tocava violão e cantava, e isso encantava o menino.

Nessa época, surgiu the beatles, um grupo que ficou famoso por todo mundo com canções que embalaram gerações. Nesse tempo, já crescido e de tanto ouvir a antiga rádio Cachoeiro, conheci a música yesterday. Aquela canção entrou na minha vida com tanta força que marcou a minha infância de tal maneira que até hoje, quando a ouço, consigo traduzir as emoções daqueles momentos.

Existe uma história de que essa música surgiu quando Paul McCartney, ainda adolescente, num encontro com amigos em sua casa, foi muito duro ao chamar atenção de sua mãe diante de todos, mas se arrependeu profundamente do seu ato, se desculpou, e depois de dois anos ela morreu devido a um câncer agressivo.

Alguns anos depois, o jovem McCartney sonhou com uma melodia, ao acordar foi para o piano e a gravou, mas ficou intrigado se ela não seria de alguém. O cantor pesquisou e não descobriu nada. Porém, durante uma viagem, quando foi passar um tempo com sua namorada em Portugal, enquanto contemplava as paisagens, a letra veio à sua cabeça. Ao chegar na casa onde estavam hospedados, escreveu uma das letras mais traduzidas de todos os tempos.

Foi nesse tempo, do lado de cá da América, que tive contato com minha avó, mãe do meu pai, ambos de lembranças saudosas. Ela era conhecida como Dindinha e era amada pelos netos e durante uma das viagens de trem para Cachoeiro, acabou falecendo. Naquela época, os velórios aconteciam nas casas, aquela imagem do corpo na nossa antiga sala ficou durante anos na minha cabeça de criança com pouco menos de uns seis anos.

Na minha cabecinha de criança a música yesterday marcou a minha vida, pois era uma das mais tocadas na rádio e, na época, liguei a canção com a minha avó, mas eu tinha um medo enorme de perder a minha querida mãe. Coisas da cabeça de criança. Era uma melodia que representava saudades e esperança de dias melhores se tornando a canção das minhas memórias em um tempo que eu não entendia uma palavra de inglês.

Quando fiquei sabendo da história de Paul, fiquei pensando na minha história de criança e com tudo que vivemos como família durante esses sessenta e cinco anos de vida. Tenho as mais ricas memórias de tempos que deixaram marcas, mas que foram fundamentais para o meu desenvolvimento como pessoa.

Foram anos de muitas experiências e algumas dificuldades em determinados momentos que nos fazia imaginar que seria muito difícil vencer, mas foram nos momentos de sérias dificuldades que fizemos a opção de seguir em frente, pois ainda que o futuro fosse incerto, a certeza da direção divina nos impulsionava a prosseguir com fé! Mãe, sou grato a Deus por ter despertado em ti a fé que moldou as nossas vidas!

Foram anos de grandes lutas com doenças e alguns períodos sombrios em que andamos pelo vale da sombra da morte, mas o Senhor aprouve ao conceder vida à minha mãe, para que hoje pudéssemos contar essa história. Mãe, sou grato a Deus por trilhar e vencer contigo esses caminhos!

Foram anos de perdas de entes queridos que nos marcaram profundamente e deixaram uma sensação de vazio e fomos obrigados a nos acostumar com a ausência do dia a dia, mas o espaço do coração permanece e, de tempos em tempos, são preenchidos por lembranças que permanecerão para sempre.  Mãe, sou grato a Deus por viver, derramar lágrimas e sair mais forte contigo dessas experiências!

Foram tempos marcados por muitos cultos nas casas de mães e pais de primeira, segundas, terceiras e quartas viagens. Eram reuniões alegres e sempre com temas que despertavam e marcaram para sempre as vidas das mães e dos filhos. Algumas crianças a chamam de mãe, tia e avó. Mãe, sou grato a Deus pelo reconhecimento do seu trabalho carinhosamente realizado!

Foram tempos de companhia diante de doenças e dramas pessoais enfrentados pelo esposo e filhos e pelas muitas noites em claro vividas até a chegada da manhã, sempre com a esperança de que dias melhores viriam e como de fato chegaram. Mãe, sou grato a Deus por sua companhia nos tempos das noites que passamos em claro enfrentando os nossos problemas!

Foram tempos que aprendemos e te respeitar como mãe de filhos gerados e outros que foram trazidos pelas circunstâncias da vida e os amam incondicionalmente como se tivessem saído do seu próprio ventre. Mãe, sou grato a Deus por presenciar e viver o gostinho de ter, além dos cinco irmãos, mais dois que são meus amigos para sempre: Davyd Silva e Elias, vocês são preciosos.

Foram tempos que aprendemos a te respeitar como uma grande mulher que, além de cuidar de toda sua casa, ainda encontrava tempo para visitar suas vizinhas, sempre levando uma palavra de conforto quando elas viviam momentos difíceis e sombrios na vida. Mãe, sou grato pela sua sincera amizade demonstrada à vizinhança por todos esses anos!

Foram dias que me fazem lembrar o texto bíblico: “Mas Maria guardava todas estas coisas, conferindo-as em seu coração.” Lucas 2:19 Maria, prestes a ser mãe, mesmo não entendendo direito o que se passava no seu corpo e nem ao seu redor, depositava e conferia todo o seu futuro no seu coração de mulher que teve a coragem de esperar e confiar em Deus. Mãe, sou grato a Deus por sua plena confiança nos planos dele para sua vida!

Foi uma quantidade enorme de dias maravilhosos e alguns dias ruins, mas sempre que me lembro do seu e do nosso ontem repletos de dificuldades. Mãe, sou grato a Deus por tudo que Ele fez e tem feito na sua e nas nossas vidas.

Mãe, sou grato a Deus pois sei de onde Ele nos tirou e para onde nos trouxe e ainda nos levará!

Mãe, sou grato a Deus pelas maravilhas de ontem e pela esperança que se renova nos dias de hoje. O Senhor é por nós!  

Mãe, Maria... das alegrias, das gargalhadas fáceis!

Mãe, Maria... das preocupações com todos, das visitas e das constantes orações!

Mãe, Maria... de ontem, hoje e sempre!

Mãe, Maria... nossa querida mãe!!!

Mãe, parabéns por ontem, hoje, e por todos os seus dias!

Mãe Maria, (minhas irmãs, irmãos de dentro e de fora e muitos amigos que são considerados como filhos) te amamos para sempre... simples assim!!!

É isso por hoje... é vida que segue!


quinta-feira, 1 de maio de 2025



A história do primeiro beijo de Nandinho!

Nandinho nasceu no interior de Cachoeiro de Itapemirim, precisamente num lugar chamado Salgadinho – nome bem estranho, mas as pessoas daquele lugar eram dóceis e receptivas.

Seu João, pai de Nandinho, serviu o exército no Rio de Janeiro e, com saudades dos pais, voltou para Salgadinho e se casou com dona Antonieta. Dessa união, nasceu Nandinho, Andressa e Antônio, conhecido como Toninho.

Eles eram felizes em Salgadinho, mas o lugar era pequeno e a família mudou-se para a cidade grande em busca de novas oportunidades de trabalho e da possibilidade de dar uma vida melhor às crianças.

Na cidade, chegou o tempo de os meninos irem para a escola e foi nesse tempo que a casa se tornou um local repleto de alegria. Seu João trabalhava muito, mas, quando chegava em casa, os filhos saltavam um no pescoço e os outros dois um em cada perna.

Naquele tempo, criança pobre não tinha o direito de fazer jardim de infância, mas entrava direto no 1° ano do 1° Grau. Nandinho não era muito dado aos estudos, mas, quando entrou na escola, já havia sido alfabetizado pela sua mãe, dona Antonieta!

Nandinho se saiu muito bem no início dos seus estudos. Ele era um aluno responsável, estudava e nunca deixava de fazer as tarefas de casa. O menino não dava nenhum trabalho para os seus pais.

O tempo passou, Nandinho foi avançando nos estudos e chegou o tempo de cursar a sexta série – foi aí que os problemas do menino começaram. Ele conheceu Paulo, Cláudio e José Roberto e a turma logo se identificou e foi sentar no fundão da sala. Os meninos aprontavam terror na escola.

Naquela época, o diretor era muito rígido, e a última coisa que os alunos queriam era cair nas mãos daquele gestor, mas aqueles meninos não se importavam com nada. O negócio deles era fazer bagunça!

Nos anos 70, o tempo das aulas era menor, e havia uma professora muito rigorosa de matemática da turma de Nandinho. Todos os dias ela enchia a lousa de exercícios para fazer em casa. Normalmente, quando faltavam uns 10 minutos para terminar a aula, ela dizia: “Cláudio, José Roberto, Paulo e Nandinho, no quadro-negro!”. Os demais alunos iam embora, e os quatro ficavam com a professora por mais uma aula, fazendo todos os deveres de casa na escola. Entretanto, o mais triste é que esses meninos não mudavam.

A vida daqueles adolescentes era uma festa sem fim, tudo era motivo de brincadeiras e, como havia um grupo de alunos que gostava do show de horrores dos gaiatos, a festa sempre era garantida. Até que, um dia, Nandinho deixou de fazer um desenho das cataratas do Iguaçu. A professora de geografia o mandou para o inspetor, que conduziu o menino até a sala do diretor. Este informou que, no dia seguinte, Nandinho só entraria na escola acompanhado por um dos pais.

Nandinho ficou muito preocupado, pois o seu pai trabalhava viajando e nem sempre estava na cidade e, se a conversa fosse com a sua mãe, ela primeiro dava uma coça com a famosa varinha de goiaba, e depois faria algumas ameaças para o menino. Porém, nem só de azar vivem os bagunceiros, no dia seguinte foi a folga do Seu João e ele foi à escola falar com o diretor.

Seu João foi muito bem recebido pelo diretor, que o elogiou pelo fato de ser um homem trabalhador e responsável, mas em seguida passou um sermão de mais de trinta minutos no menino, que ficou muito envergonhado com a reprimenda do gestor. Ao chegar em casa, o pai conversou com o menino na esperança de que ele melhorasse o seu comportamento, mas o pedido daquele pai, estava longe de ser atendido.

Nos dois anos seguintes, Nandinho continuou aprontando suas traquinagens junto aos seus amigos, mas, como ele tinha muita vontade de trabalhar, conseguiu um emprego de meio expediente e pediu na escola para que fosse transferido para o turno noturno. Porém, a escola não permitiu, pelo fato dele ser muito novo. Depois de muito insistir, finalmente, ao final da sétima série, permitiram que ele fosse transferido para o noturno, mas isso só aconteceria no próximo ano.

No ano seguinte, lá foi o Nandinho estudar no turno noturno. Tudo era muito diferente e aquele menino que gostava de conversar e fazer bagunça, agora estava num grupo de pessoas que trabalhavam o dia inteiro e chegavam cansadas para enfrentar cinco aulas, nem sempre motivadoras. Nandinho se sentiu um peixe fora d'água e o seu coração começou a entristecer.

Embora aquele menino sentisse muitas saudades dos seus amigos do turno matutino, ele começou a se acostumar e foi se soltando, não com aquela antiga alegria, mas como era o mais novo, começou a ficar engraçadinho. Coisa do tipo: o bobo da sala! Tudo que o professor ou algum colega falava era motivo de graça e até a turma se acostumou com jeito moleque de ser de Nandinho. Ele só queria curtir a vida de adolescente, na verdade, ele era um menino.

O tempo passou, e certa noite Nandinho foi procurado por um amigo que lhe trouxe uma novidade: “tem uma moça que está querendo namorar contigo e deseja conversar com você!”. Aquela notícia caiu como uma bomba nos ouvidos do menino. Ele pensava em tudo: Correr no pátio! Colocar fogo nos latões de lixos no retorno para casa após as aulas, jogar lixo nas janelas das casas... Mas namorar não estava na lista de prioridades dele!

Aquela notícia não estava nos planos de Nandinho, mas ele pensou: “preciso demonstrar que não sou tão moleque quanto pareço”. Juntou toda sua coragem e deixou claro que conversaria com a moça e seria naquela noite. Seu coração saltava mais que as pulgas do seu cãozinho, e ele precisava engolir seco várias vezes para que ele não saísse pela boca.

No final da aula, a moça esperava por Nandinho, e a casa dela ficava do outro lado da cidade. Eles foram caminhando, passaram pela Praça Jerônimo Monteiro e chegaram na antiga estação ferroviária subindo ao lado do prédio do sindicato dos ferroviários. Subiram um pouco mais, até alcançarem uma escadaria que terminava diante da casa da moça.

Quando chegaram diante do portão, Nandinho totalmente sem assunto, pois o seu repertório se acabara, parou e ficou olhando para moça. Foram alguns minutos de trocas de olhares até que, timidamente, ele pediu para beijá-la. Quando o beijo finalmente aconteceu, Nandinho se lembrou que ele nunca havia beijado e, assustado, olhou bem para o rosto da moça e praticamente desceu correndo as escadas da casa da moça, voltando como um foguete para casa.

No dia seguinte, ao retornar para sala de aula, Nandinho se escondeu o tempo todo de tanta vergonha e nem sequer ergueu os olhos em direção à moça e praticamente não falou mais com ela, pois o seu interesse maior naquele momento era jogar papel nas janelas das pessoas e colocar fogo nos latões de lixos. Namorar ficou para mais tarde, afinal, ele era um adolescente bem rebelde. Sua mãe não poderia nem pensar nesse lado de travessuras da vida de Nandinho... mas como naquela época as mães sabiam de tudo, acho que ela apenas o poupou de um boa surra.

Ah, o menino cresceu, se casou e acho que amadureceu, mas quem sabe qualquer dia consigo descobrir esse detalhe, afinal, agora ele é um homem que está na terceira idade. Espero que ele não tenha perdido a alegria de viver, mas não coloque mais fogo em latões de lixo.

É isso por hoje... é vida que segue!!!

 

quarta-feira, 16 de abril de 2025


UM CHEIRINHO DE CAFÉ... VÁRIAS LEMBRANÇAS!!!
(Crônica escrita a partir de uma experiência compartilha por Mônica Carleti, amiga da SRE Vila Velha)

Era uma manhã bem parecida com as outras, embora o asfalto molhado denunciasse que havia caído uma chuva fina em algum momento da madrugada. Foi tão fraquinha que sequer acordei!

Esperar pelo coletivo, sempre é uma grande aventura, pois sempre ficamos na torcida pela chegada do veículo; no motorista para saber se a viagem será rápida ou não, e, finalmente, se haverá um lugar para se sentar. Com todos esses fatores combinados, entrei no ônibus para ir ao trabalho.

Entrei e me acomodei no banco na parte da janela e, como sempre, me coloquei a observar as casas enquanto o veículo avançava na viagem, e as pessoas quando parava nos pontos. O sobe e desce das pessoas e o frenesi do corre e corre é de impressionar até mesmo os corredores profissionais.

Meus pensamentos, vagavam livremente, quando percebi mecanicamente que um rapaz sentou no banco da frente, tirou uma garrafa da mochila e utilizou a sua tampa para tomar um pouco de um café que exalava um cheiro delicioso que impregnou todo o ônibus.

Aquele cheiro me trouxe lembranças de tempos que marcaram a minha vida, mas que ficaram impregnados para sempre na minha existência, mas naquele momento pensei: quem teria feito o café para aquele jovem? Teria sido sua mãe, sua esposa ou, quem sabe, ele mesmo? Mas não tenha tido tempo de beber um pouquinho antes de sair de sua casa?

Aquele cheirinho de café, me fez lembrar no meu tempo de escola lá no interior quando ainda era criança, minha mãe se levantava bem cedo para preparar o café e arrumar os filhos. Enquanto ela preparava o lanhe matinal, sentíamos do quarto aquele cheirinho de café que me animava a descer do beliche rapidamente sem utilizar a escadinha, só para tomar o café da mamãe.

O ato daquele rapaz me conduziu às minhas férias no interior do meu estado, num lugar chamado Ibitiruí, distrito de Alfredo Chaves. Naquele tempo as férias eram de mais de três meses, e lembro muito bem que meus pais tinham um trabalho enorme, pois logo nos primeiros dias de férias queria entrar no velho trem da Leopoldina para ficar na casa dos meus tios, José Bispo e Nivalda (ambos de saudosas memórias). Os dias eram longos e, além das muitas brincadeiras, pescarias e desentendimentos com algumas crianças locais, tudo começava bem cedinho com o cheirinho de café.

Na minha adolescência na capital secreta do mundo, me recordo do meu primeiro emprego. Naquela época comecei a trabalhar bem cedo e lembro-me que na loja chamada “A Gaúcha”, éramos em três adolescentes com pouquíssimo juízo, porém com uma amizade forte à toda prova. Em determinadas épocas, havia muito trabalho e encarávamos tudo de frente, mas havia um momento mágico que parava toda produção: o cheirinho de café. Era um cafezinho medido por ser somente uma garrafa, dividindo um pouco para cada um, com direito a um pão doce de “chifrinho”, apelido dado por nós moleques pelo aspecto do pãozinho.

O tempo passou e agora jovem na cidade do Rio de Janeiro no internato do Seminário, onde morei por mais de 10 anos, a festa era diferente. Nos amontoávamos numa fila de mais de cem pessoas para entrar no refeitório e a única lei que havia era aquela dos mais fortes, pois era uma batalha para entrar no refeitório, se espremendo pela roleta e torcendo para não ficar apenas no cheirinho de café, pois quem chegava primeiro tomava o café e não ficava apenas na vontade. Quem nunca morou ou enfrentou refeitório de internato, não sabe a experiência que perdeu na vida.

Na minha vida profissional o cafezinho sempre fez diferença, pois todas as vezes que o cheirinho exalava pelos corredores da escola, era o momento do intervalo na sala de professores. O papo sempre era muito animado e me recordo que na Escola de Ecoporanga o intervalo era uma festa tão grande que os alunos ficavam curiosos tentando saber o quê estava acontecendo na sala dos mestres. Mas o cheirinho de café se transformava em sabor sempre acompanhado de batata doce cozida, aipim, inhames, banana da terra cozida e bolos de diversos sabores.

O tempo passou, mas ainda nos dias de hoje tenho a oportunidade de visitar a minha mãe, sentir o mesmo cheirinho e, ao mesmo tempo, experimentar o bom café que é feito na casa dela e que, de maneira mágica, na minha degustação vem o mesmo paladar e lembranças da infância.

Enquanto minha mente divagava em todas essas lembranças, minha condução chegou no local do meu trabalho, acordei como de um sonho e voltei à realidade. Segui como sempre faço todas as manhãs, tranquilo para minha luta diária, mas feliz por saber que no próximo final de semana sentirei e beberei um pouco da minha infância nas lembranças de um cheirinho de café.

É isso por hoje... é vida que segue!

 


segunda-feira, 14 de abril de 2025


OLHA A VIGILÂNCIA SANITÁRIA!!!

Numa tarde ensolarada de sexta-feira, no ponto de ônibus em frente à Defensoria Pública Estadual, enquanto aguardava minha condução para atravessar a terceira ponte que liga Vitória à Vila Velha, ouvi a história que passo a narrar.

Havia um grupo de meninas na igreja que, pelo que compreendi, era evangélica. Eram jovens vindo de vários lugares e as mais velhas se responsabilizavam e se revezavam com as mais novas no treinamento.

Como o grupo era formado por grande parte de mulheres, além de muito trabalho, sempre tinham um tempo para discutir e tratar de questões não relacionadas ao trabalho. Prefiro não imaginar os assuntos delas, pelo que ouvi no ponto do ônibus.

Qualquer empresa que ocupa um grande espaço, precisa de funcionários para cuidar da limpeza, outros são responsáveis pela cozinha, existem aqueles que cuidam do jardim e sempre tem os seguranças, mas essa história envolve apenas as meninas da limpeza e cozinha.

Segundo a narradora do caso, aquela sexta-feira parecia mais uma segunda, pois as pessoas trabalhavam totalmente desanimadas, mas as brincadeiras entre as meninas aconteciam normalmente, até que chegou a seguinte notícia: olha a vigilância sanitária está chegando.

Houve um grande corre-corre para fazer uma maquiagem, pois os fiscais não poderiam achar nada errado e o movimento foi grande. A moça que estava na cozinha (nesse caso a narradora) ouviu o barulho, mas não se importou e continuou ouvindo sua música e, pelo que ela disse para o seu interlocutor ao telefone, não deveria ser uma balada romântica.

De um lado, estavam os fiscais da vigilância sanitária, e do outro as colegas tentando se comunicar com ela em vão, para tirasse o pano de chão que havia sido depositado de dentro do tanque onde se lavam as grandes panelas. Confesso que fiquei curioso como aquele pano foi parar naquele local, mas entendo que a música deveria ter muito “balanço” a ponto de a moça não ouvir o alerta.

Os fiscais foram inspecionar a cozinha e, para o desespero de todos, flagraram um pano de chão, totalmente naquele ambiente e como se não bastasse, uma pessoa estranha no setor e que não conseguia explicar a razão de estar ali. Para o descontentamento dos administradores da igreja, foram lavradas duas pesadas multas à instituição. A primeira por ter uma colaboradora da limpeza na cozinha, e a segunda por ter um pano de chão sujo no tanque das panelas.

Depois que os fiscais foram embora, deu-se início a uma grande discussão: quem é a culpada pela multa recebida pela igreja? Sem nenhuma dúvida, todos apontaram para aquela jovem que se encontrava no interior da cozinha. A discussão foi se acalorando e mais pessoas foram chegando, até a cunhada do pastor chegou e declarou que, além de dar prejuízo, a moça era um encosto e atrapalhava a todos.

Quando ouvi essa frase, devo confessar que senti compaixão pela moça naquele ponto de ônibus, pois havia sofrimento naquela narrativa que ela apresentava para o seu namorado. Em meio aquele desabafo de suas mágoas, ela disse que não iria à reunião de oração às seis da manhã de sábado, pois não estava preparada para ver a “cara” da cunhada do pastor que, segundo ela, estava possuída por alguma entidade. Não me pergunte qual!

Não posso e nem devo reproduzir o diálogo daquela moça com o seu namorado, mas o assunto girava em torno de enforcamento, esfaqueamento, tiros e só faltou bombas. Não fiquei horrorizado com as palavras dela, mas sim com a naturalidade que a moça falava diante de várias pessoas que estavam no ponto de ônibus, sem o mínimo constrangimento com os absurdos que o povo ouvia.

A jovem estava tão furiosa que, por um momento, fiquei preocupado dela se voltar contra a minha pessoa apenas por ouvir a sua conversa com o namorado, embora falasse em alto e bom som.

Saí estrategicamente do local onde ouvia atentamente a história e agradeci aos céus quando a minha condução chegou, mas a frase “olha a vigilância sanitária”, marcou a minha tarde. Entrei no ônibus, sentei e decidi compartilhar esse relato com meus queridos leitores e leitoras...

Segui com o bloco de notas aberto no smartphone, com os olhos bem abertos e os ouvidos atentos com tudo que acontecia ao meu redor e, naturalmente, em busca de novas crônicas.

É isso por hoje... é vida que segue!

 

 

 

 

terça-feira, 8 de abril de 2025


NUMA BELA TARDE DE DOMINGO...

Esse final de semana foi especial, pois tive a oportunidade de trabalhar em Cachoeiro na sexta-feira, acompanhando o nosso gerente em três excelentes visitas que, por certo, renderão ótimos frutos. Como sou natural da capital Secreta do Mundo, resolvi permanecer na cidade para visitar e passar um tempo com minha família.

Escolhi o final de semana errado, isto porque fez um calor tão intenso que, confesso, por um tempo me senti no Continente Africano. Só faltou o solo arenoso. Foram dois dias e meio de sufoco e por pouco não trouxe minha mãe de volta para Vila Velha.

Saí no meio da tarde de domingo para embarcar na rodoviária de Cachoeiro, na promessa de que o ônibus seria direto, e prontamente me acomodei, feliz por saber que viajaria sozinho em duas poltronas, era tudo que eu queria.

Foi uma viagem bem tranquila e aproveitei o percurso para avançar na história de Aureliano Segundo, José Arcádio Segundo, Úrsula e a bela dos Remédios, todos da família Buendía da obra Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Marquez.

Confesso que a história louca dessa família está me prendendo de tal forma que a cada página quero ler a seguinte, pois pretendo saber como tudo terminará. Quero apenas avançar na leitura, pois o final me parece totalmente imprevisível.

Tudo corria muito bem, até que o motorista fez a parada obrigatória na rodoviária de Guarapari e depois de aproximadamente 05 minutos entraram dois senhores: o primeiro sentou-se duas poltronas após a minha, no sentido contrário ao meu assento.

O segundo indivíduo chegou revoltado e falando impropérios, fato que achei extremamente inconveniente, pois haviam senhoras, crianças e homens idosos que não mereciam ouvir aquilo. Não entendi bem a bronca daquele homem, mas a história era mais ou menos assim, nas palavras dele: “quando tudo dá errado, a vida é uma droga”. Proferiu mais alguns palavrões e insistia em reclamar da vida, aparentemente com uma dor profunda.

Entre a morte de Aureliano Buendía e as maldições lançadas pelo rapaz, fiquei dividido e pensei: vou falar com ele. Pedi forças a Deus, pois nunca sabemos a reação de uma pessoa revoltada. Nem eu sabia que tinha tanta fé, pois quando estava prestes a me virar, ele disse: “vou parar de xingar pois isso, além de incomodar as pessoas, não resolve nada”, e virou para lado e dormiu. A conclusão da viagem foi tranquila!

O final de domingo em Vitória é sempre muito interessante. Após vários meses sem passar pela rodoviária, aproveitei e fui conversar com as meninas da Pastelaria do Nando, e como não gosto de perder tempo, fui logo pedindo o meu pastel favorito, bacalhau com queijo (que estava em falta), mas me contentei com o de carne-seca com muçarela. Estava ótimo!

Era hora de tomar o rumo de casa e fiz a opção que muitos estranham e acham que não tenho muito juízo. Fui para o ponto de ônibus, pois queria apreciar o final de domingo na cidade de Vitória. Embarquei numa condução que passou pelo Porto de Vitória e observei bem de perto o movimento das águas profundas onde ficam os navios atracados, para carga e descargas, e algumas vezes para visitação.

Por toda extensão da Avenida Beira Mar, podemos observar do outro lado Vila Velha e, começando pelo Porto de Capuaba, ao lado morro do Penedo, Ilha Maria de Oliveira e outras ilhas que tornam a vista simplesmente linda.

Na medida que o veículo ia avançando, do lado esquerdo observamos a Prefeitura de Vitória, um prédio que aparenta não ser dos mais modernos. Do lado direito, passamos um longo muro do imponente Clube de Natação e Regatas Álvares Cabral, local onde guardo belas recordações. São lembranças de grandes shows, assembleias, passeatas e festas de trabalho nos finais de ano.

Vencida essa etapa, passamos pelo Instituto Luiz Braille do Espírito Santo, que oferta ações de habilitação e reabilitação às pessoas com deficiência visual e a promoção de sua integração à vida comunitária, voltadas para o enfrentamento das barreiras pela deficiência no meio em que vive. É muito comum passarmos pelo local sem notar o suntuoso prédio e nem mesmo nos atentar à importância que o Instituto tem para nosso Estado e milhares de pessoas.

No percurso, consegui ver de longe a Igreja Batista Praia de Suá toda imponente e onde tive oportunidade de trabalhar como professor no Seminário Bíblico de Vitória, que funcionava no prédio anexo ao templo, fato que muito me honrou. Ali também tive muitos amigos que por lá passaram e deixaram belas e profundas marcas na minha vida.

Mais adiante, passamos próximo ao Horto Mercado e a minha memória afetiva nesse momento fez uma grande viagem, mas a vida é sempre assim, como diz o poeta, dia e noite, não e sim, e chegamos na Praça do Papa, lugar que além de reverência, guardo lembranças de excelentes momentos.

Por ser domingo, o coletivo fez um percurso diferente e passou em frente à Assembleia Legislativa, foi um frisson de pessoas querendo entrar no ônibus. Por um momento pensei que estava no Rio de Janeiro, pois foi um tal de subir gente com cadeira de praia, bolsas e, pasmem, cachorros. Eram dois filhotes bem bonitos e o coletivo virou uma grande festa.

Os cãezinhos trouxeram tanta alegria no coletivo que, por pouco, deixei de apreciar a vista da baía de Vitória, do alto da terceira ponte, a paisagem que contemplei ao longo da Avenida Nossa Senhora dos Navegantes. Na metade da ponte, a imagem de final de tarde do Convento da Penha na penumbra, em função dos últimos raios de sol no seu ocaso, é simplesmente de encher os olhos.

Concluímos a travessia e após deixar os meus olhos serem invadidos por tantas imagens bonitas, cheguei ao terminal de Vila Velha e embarquei na próxima condução que me levou até a minha casa, mas essa é uma outra história.

É o que temos para hoje... é vida que segue!