OLHA A VIGILÂNCIA SANITÁRIA!!!
Numa tarde ensolarada de
sexta-feira, no ponto de ônibus em frente à Defensoria Pública Estadual,
enquanto aguardava minha condução para atravessar a terceira ponte que liga
Vitória à Vila Velha, ouvi a história que passo a narrar.
Havia um grupo de meninas na
igreja que, pelo que compreendi, era evangélica. Eram jovens vindo de vários
lugares e as mais velhas se responsabilizavam e se revezavam com as mais novas
no treinamento.
Como o grupo era formado por grande
parte de mulheres, além de muito trabalho, sempre tinham um tempo para discutir
e tratar de questões não relacionadas ao trabalho. Prefiro não imaginar os
assuntos delas, pelo que ouvi no ponto do ônibus.
Qualquer empresa que ocupa um
grande espaço, precisa de funcionários para cuidar da limpeza, outros são
responsáveis pela cozinha, existem aqueles que cuidam do jardim e sempre tem os
seguranças, mas essa história envolve apenas as meninas da limpeza e cozinha.
Segundo a narradora do caso, aquela
sexta-feira parecia mais uma segunda, pois as pessoas trabalhavam totalmente
desanimadas, mas as brincadeiras entre as meninas aconteciam normalmente, até
que chegou a seguinte notícia: olha a vigilância sanitária está chegando.
Houve um grande corre-corre
para fazer uma maquiagem, pois os fiscais não poderiam achar nada errado e o
movimento foi grande. A moça que estava na cozinha (nesse caso a narradora) ouviu
o barulho, mas não se importou e continuou ouvindo sua música e, pelo que ela
disse para o seu interlocutor ao telefone, não deveria ser uma balada
romântica.
De um lado, estavam os fiscais
da vigilância sanitária, e do outro as colegas tentando se comunicar com ela em
vão, para tirasse o pano de chão que havia sido depositado de dentro do tanque onde
se lavam as grandes panelas. Confesso que fiquei curioso como aquele pano foi
parar naquele local, mas entendo que a música deveria ter muito “balanço” a
ponto de a moça não ouvir o alerta.
Os fiscais foram inspecionar a
cozinha e, para o desespero de todos, flagraram um pano de chão, totalmente naquele
ambiente e como se não bastasse, uma pessoa estranha no setor e que não conseguia
explicar a razão de estar ali. Para o descontentamento dos administradores da
igreja, foram lavradas duas pesadas multas à instituição. A primeira por ter
uma colaboradora da limpeza na cozinha, e a segunda por ter um pano de chão
sujo no tanque das panelas.
Depois que os fiscais foram
embora, deu-se início a uma grande discussão: quem é a culpada pela multa
recebida pela igreja? Sem nenhuma dúvida, todos apontaram para aquela jovem que
se encontrava no interior da cozinha. A discussão foi se acalorando e mais
pessoas foram chegando, até a cunhada do pastor chegou e declarou que, além de
dar prejuízo, a moça era um encosto e atrapalhava a todos.
Quando ouvi essa frase, devo
confessar que senti compaixão pela moça naquele ponto de ônibus, pois havia
sofrimento naquela narrativa que ela apresentava para o seu namorado. Em meio
aquele desabafo de suas mágoas, ela disse que não iria à reunião de oração às
seis da manhã de sábado, pois não estava preparada para ver a “cara” da cunhada
do pastor que, segundo ela, estava possuída por alguma entidade. Não me
pergunte qual!
Não posso e nem devo
reproduzir o diálogo daquela moça com o seu namorado, mas o assunto girava em
torno de enforcamento, esfaqueamento, tiros e só faltou bombas. Não fiquei
horrorizado com as palavras dela, mas sim com a naturalidade que a moça falava
diante de várias pessoas que estavam no ponto de ônibus, sem o mínimo
constrangimento com os absurdos que o povo ouvia.
A jovem estava tão furiosa que,
por um momento, fiquei preocupado dela se voltar contra a minha pessoa apenas
por ouvir a sua conversa com o namorado, embora falasse em alto e bom som.
Saí estrategicamente do local
onde ouvia atentamente a história e agradeci aos céus quando a minha condução
chegou, mas a frase “olha a vigilância sanitária”, marcou a minha tarde. Entrei
no ônibus, sentei e decidi compartilhar esse relato com meus queridos leitores
e leitoras...
Segui com o bloco de notas
aberto no smartphone, com os olhos bem abertos e os ouvidos atentos com tudo
que acontecia ao meu redor e, naturalmente, em busca de novas crônicas.
É isso por hoje... é vida que
segue!
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