.

.

segunda-feira, 14 de abril de 2025


OLHA A VIGILÂNCIA SANITÁRIA!!!

Numa tarde ensolarada de sexta-feira, no ponto de ônibus em frente à Defensoria Pública Estadual, enquanto aguardava minha condução para atravessar a terceira ponte que liga Vitória à Vila Velha, ouvi a história que passo a narrar.

Havia um grupo de meninas na igreja que, pelo que compreendi, era evangélica. Eram jovens vindo de vários lugares e as mais velhas se responsabilizavam e se revezavam com as mais novas no treinamento.

Como o grupo era formado por grande parte de mulheres, além de muito trabalho, sempre tinham um tempo para discutir e tratar de questões não relacionadas ao trabalho. Prefiro não imaginar os assuntos delas, pelo que ouvi no ponto do ônibus.

Qualquer empresa que ocupa um grande espaço, precisa de funcionários para cuidar da limpeza, outros são responsáveis pela cozinha, existem aqueles que cuidam do jardim e sempre tem os seguranças, mas essa história envolve apenas as meninas da limpeza e cozinha.

Segundo a narradora do caso, aquela sexta-feira parecia mais uma segunda, pois as pessoas trabalhavam totalmente desanimadas, mas as brincadeiras entre as meninas aconteciam normalmente, até que chegou a seguinte notícia: olha a vigilância sanitária está chegando.

Houve um grande corre-corre para fazer uma maquiagem, pois os fiscais não poderiam achar nada errado e o movimento foi grande. A moça que estava na cozinha (nesse caso a narradora) ouviu o barulho, mas não se importou e continuou ouvindo sua música e, pelo que ela disse para o seu interlocutor ao telefone, não deveria ser uma balada romântica.

De um lado, estavam os fiscais da vigilância sanitária, e do outro as colegas tentando se comunicar com ela em vão, para tirasse o pano de chão que havia sido depositado de dentro do tanque onde se lavam as grandes panelas. Confesso que fiquei curioso como aquele pano foi parar naquele local, mas entendo que a música deveria ter muito “balanço” a ponto de a moça não ouvir o alerta.

Os fiscais foram inspecionar a cozinha e, para o desespero de todos, flagraram um pano de chão, totalmente naquele ambiente e como se não bastasse, uma pessoa estranha no setor e que não conseguia explicar a razão de estar ali. Para o descontentamento dos administradores da igreja, foram lavradas duas pesadas multas à instituição. A primeira por ter uma colaboradora da limpeza na cozinha, e a segunda por ter um pano de chão sujo no tanque das panelas.

Depois que os fiscais foram embora, deu-se início a uma grande discussão: quem é a culpada pela multa recebida pela igreja? Sem nenhuma dúvida, todos apontaram para aquela jovem que se encontrava no interior da cozinha. A discussão foi se acalorando e mais pessoas foram chegando, até a cunhada do pastor chegou e declarou que, além de dar prejuízo, a moça era um encosto e atrapalhava a todos.

Quando ouvi essa frase, devo confessar que senti compaixão pela moça naquele ponto de ônibus, pois havia sofrimento naquela narrativa que ela apresentava para o seu namorado. Em meio aquele desabafo de suas mágoas, ela disse que não iria à reunião de oração às seis da manhã de sábado, pois não estava preparada para ver a “cara” da cunhada do pastor que, segundo ela, estava possuída por alguma entidade. Não me pergunte qual!

Não posso e nem devo reproduzir o diálogo daquela moça com o seu namorado, mas o assunto girava em torno de enforcamento, esfaqueamento, tiros e só faltou bombas. Não fiquei horrorizado com as palavras dela, mas sim com a naturalidade que a moça falava diante de várias pessoas que estavam no ponto de ônibus, sem o mínimo constrangimento com os absurdos que o povo ouvia.

A jovem estava tão furiosa que, por um momento, fiquei preocupado dela se voltar contra a minha pessoa apenas por ouvir a sua conversa com o namorado, embora falasse em alto e bom som.

Saí estrategicamente do local onde ouvia atentamente a história e agradeci aos céus quando a minha condução chegou, mas a frase “olha a vigilância sanitária”, marcou a minha tarde. Entrei no ônibus, sentei e decidi compartilhar esse relato com meus queridos leitores e leitoras...

Segui com o bloco de notas aberto no smartphone, com os olhos bem abertos e os ouvidos atentos com tudo que acontecia ao meu redor e, naturalmente, em busca de novas crônicas.

É isso por hoje... é vida que segue!

 

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário