Maria...
Simplesmente Maria!!!
A história de uma mãe pelo olhar de um filho.
Nasci em 1937, num lugarejo chamado Engano, hoje se chama Ibitiruí, próximo de Matilde, distrito de Alfredo Chaves, que na época era a rota da Rede Ferroviária Federal, também conhecida como Leopoldina e que ligava Cachoeiro à Vitória.
Minha
família era normal para os padrões da época, éramos em nove filhos. Minha mãe
era uma mulher negra, forte e bem enérgica! Meu pai, era um homem forte,
trabalhador, porém muito tranquilo. Ele era feitor (aquele que supervisionava
os homens que colocavam os trilhos) na velha Estrada de Ferro da Leopoldina.
Quanto
aos meus irmãos, a mais velha se chamava Nivalda que tinha uma calma e
paciência muito parecida com a de Jó. Confesso que várias vezes tive inveja o
temperamento dela. Logo em seguida, tínhamos o Osvaldo que era um homem de fala
mansa e como se dizia no interior, deve ter tomado muito banho na água de
Nivalda. Ambos de saudosas memórias.
Sou
a terceira na descendência de Hermenegildo e Nair e desde cedo sempre fui uma
falsa calma, pois gostava de aprontar com a minha irmã que nasceu logo a
seguir, mas essas histórias ficam para uma outra oportunidade. Minha próxima
irmã, se chama Luci, mulher de muita garra e juntas vivemos momentos memoráveis
com histórias que sempre recordamos nas nossas conversas.
O
próximo irmão se chama Vivaldo e foi o que mais cresceu da turma. Sempre muito
vaidoso, mas quando criança, aprontava com muita força e naturalmente era o que
mais apanhava. Laurinda é a sexta dessa turma, uma irmã que sempre foi muito
desinibida e uma irmã que sempre me ajudou quando foi preciso.
O
sétimo irmão era um menino talentoso e se chamava Reinaldo. Tocava violão e
gostava muito de contar histórias para o Robertinho, seu sobrinho, que ele
gostava de cuidar quando ele ainda dava os seus primeiros passos. Grifo meu:
como eu gostava daquele tio. Era o meu herói e fiquei triste quando ele foi
embora para o Rio, mas tive oportunidade de estar com ele e conversamos por longas horas, antes do seu falecimento.
Em
seguida veio Tereza. Uma pessoa portadora de uma bondade a prova dos grandes
vultos mais bondosos que conhecemos na atualidade. Mulher que enfrentou muitos
desafios na vida, mas quando nos deixou ficamos com as mais profundas
lembranças de acalentam dia a dia os nossos corações.
A
nona irmã, se chamava Laerci. Como costumamos chamar, irmã do coração que como
mais nova tinha o comportamento de irmãos mais novos e isso falo para quem os
tem ou tiveram. Cresceu conosco, foi amada e aprontou, como todos nós, teve sua
família e hoje ocupa um lugar de saudade nos nossos corações.
A função do tempo é passar e em alguns momentos achamos que vai rápido demais e em outros que é demorado, mas o fato é que fui vencendo todas as dificuldades apresentadas pela vida até que conheci o meu saudoso esposo Osmani Gomes e nos casamos em 27 de setembro de 1958 em Jaciguá, distrito de Cachoeiro naquela época. Dessa união tivemos seis filhos: três homens e três mulheres e uma delas é uma filha querida do coração.
Minha
vida sempre foi de muitas lutas. Houve um tempo em que estive muito doente, mas
nunca desisti de lutar, pois precisava cuidas dos meus filhos, pois o meu
marido viajava e ficava vários dias fora de casa em função do seu trabalho na
Estrada de Ferro Leopoldina, mas a nossa família continuava harmoniosa.
Depois
de algum tempo e devido aos meus problemas de saúde daquela época, muitas vezes
meu filho mais velho precisava ir correndo ao SAMU – Serviço de Ambulância para
trazer um médico ou mesmo pegar algum medicamento para me socorrer, pois os
tempos eram difíceis.
No
início dos anos 70, a situação ficou muito séria e naquele tempo, recordo-me
que minhas crianças eram levadas à Igreja Batista do Aquidabã, pela família de
Waldemira Ribeiro e logo, fomos visitados pela Pastor Adson Magalhães e não
demorou muito, me converti, fui batizada e em seguida os meus filhos também e
nos tornamos membros naquela Igreja. Preciso registrar que o tempo inteiro fui
cuidada pela irmã Laura Manoela de saudosa memória que não deixava de nos
visitar todos os dias.
Fui
me envolvendo na Igreja e mesmo não tendo preparo que grande parte da juventude
possui, Deus me dom de visitar e cuidar das pessoas, especialmente das crianças
pois fui colocada como responsável pelo Rol de Bebês. Eu coordenava os cultos
nas casas dos recém nascidos e ajudava nas apresentações da primeira visita na
igreja.
Sou
grata a Deus por tudo que Ele fez na minha família. Todos os meus filhos foram
cresceram na Igreja e participaram ativamente de todas as atividades. Meu
marido se converteu e foi batizado pelo meu filho pastor Roberto na nossa
igreja de Aquidabã. Hoje, intercedo por cada um deles todos os dias.
Sou
grata a Deus por Ele te me dado a oportunidade de desenvolver uma amizade com
toda a minha vizinhança e pela misericórdia dele, sempre que posso e meu estado
físico permite, eu os visito e procuro sempre levar uma palavra de conforto e
ânimo nos momentos difíceis em que se encontram.
Sou
grata a Deus pelas amigas e irmãs que ele me deu na igreja. Não posso citar o
nome de todas para não se injusta, mas algumas delas já se encontram nos braços
do Pai e sou grata por aquelas vidas e também pelo número de outras queridas
que inclusive estiveram comemorando comigo meu aniversário no dia 22,
sexta-feira.
Minha
palavra de gratidão pelos netos que Deus me deu e pela oportunidade que tive de
cuidar de grande parte deles quando ainda eram bebês. E meu coração se encanta
quando percebo o carinho que cada um deles nutre pela minha pessoa.
Preciso
agradecer a Deus por mais um ano de vida que me concedeu. Sei que esse ano foi
muito difícil, pois perdi um neto querido, mas prossigo repetindo o gesto que
me fez vencer nesses últimos 54 anos, que é a oração. Eu não sei o que seria a
minha vida sem essa busca constate do socorro divino.
Nesse
tempo minha gratidão aos amigos, amigas, irmãos, irmãs, filhos, netos, bisneta,
vizinhos e vizinha... eu não sei o que seria de minha vida sem você pois com
amor de Jesus, mudaram o meu coração.
É
isso por hoje... é vida que segue!
A
Deus toda honra e glória...