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sábado, 12 de fevereiro de 2022


Histórias de vidas numa caneca de chá!

Era uma noite quente, como praticamente todas as noites em Dakar, Senegal. Terça-feira, 30 de junho de 2015. Em poucas horas entraria num avião que me levaria à Lomé, capital do Togo.

A semana anterior à viagem fora extremamente corrida com os preparativos. Era preciso providenciar visto para entrar no Togo que implicava num convite feito pela Convenção Batista Togolesa e tive que tomar vacina contra meningite, pois era uma exigência do meu futuro país.

Naquela noite, após fazer check-in, quando me assentei no setor de espera do aeroporto, um filme passou pela minha cabeça. Havia um sentimento de gratidão por ter passado 11 (onze) meses no Senegal e ter convivido com pessoas que marcaram minha vida e sobre elas terei oportunidade de escrever, com muito carinho.

Tudo pronto e a nossa aeronave levantou voo. Deixava para trás amigos e carregava para sempre dentro do meu peito lembranças que jamais sairão da minha mente. Com esse misto de sentimento, adormeci e acordei com a preparação para a aterrissagem em Lomé.

Um país novo, uma terra nova e sozinho. Fui recebido no aeroporto por dois membros da Convenção Batista Togolesa e conduzido até os aposentos do Seminário Teológico Batista de Lomé. Instalado num simpático apartamento, no final de um longo corredor, no segundo andar do internato. Assim foi o meu primeiro dia no Togo.

Antes de viajar, uma amiga missionária, chamada Sandra, muito me falava de um certo casal de missionários da Jocum que moravam em Lomé. Ele, togolês e que se chamava Fofone e ela, Ellen, brasileira, nascida no Acre. Conheceram-se no Senegal e se casaram no Brasil.

A sensação de chegar num país onde você não tem a mínima ideia do que vai encontrar e como o primeiro missionário brasileiro da Convenção Batista Brasileira, era uma grande responsabilidade, um misto de sensações descreverei nas minhas memórias da África.

Meu primeiro dia foi corrido. Quando chegou a minha primeira noite no Togo, me recordo que caiu uma chuva bem típica, daquelas que têm caído em Cachoeiro nesses últimos dias. Os ventos eram bem fortes e por alguns momentos tive dúvidas se estava no solo africano, pois no Senegal não choveu daquele jeito, pelo menos quando estive lá. Deite-me disposto a descansar até às 10 (dez) horas da manhã e com esse pensamento, adormeci.

No dia seguinte, manhã de quinta-feira, dia 02, quando comecei a sonhar que estava morando em outro país com alguns costumes totalmente diferentes do Senegal, eis que sou surpreendido com uma suave batida na porta do apartamento. Quem seria naquela hora da manhã?

Levantei-me cheio de interrogações, me dirigi até a porta e assim que abri, recebi o sorriso mais simpático que alguém poderia receber num país que você pouco conhece e me disse: - Como vai Roberto? Me chamo Fofone, sou esposo da Ellen e quero dizer que você é resposta de Deus às nossas orações. Seja bem-vindo ao Togo!

Conversamos e logo fui convidado para ir até a Embaixada Brasileira no Togo, para ser apresentado aos brasileiros que lá trabalhavam. Minha vontade de descansar foi embora, me preparei e lá fomos nós até o imponente prédio.

Saindo de lá, fomos direto para o Gblenkome, residência do Fofone. Finalmente, conheci a Ellen, sua esposa. Fizemos a primeira de muitas refeições que faríamos juntos e assim nascia uma grande amizade de parceiros de lutas e de oração. Na verdade, não foram apenas amigos, tornaram-se verdadeiros anjos na minha vida.

A partir daquele momento, comecei a conhecer os muitos brasileiros que moravam naquele país, apresentados pelo querido casal. Foram verdadeiros anfitriões e me mostraram como era o país desde os seus costumes e em especial, como se comportava o povo togolês.

Durante os meus primeiros meses, conheci algumas igrejas Batistas onde seria possível iniciar o Pepe e o bairro escolhido para organizar nossa primeira unidade do PEPE – Programa de Educação Pré-Escolar no Togo – foi no bairro de Gblenkome, na Primeira Igreja Batista da Fé em Gblenkome... Falarei melhor sobre essa experiência nas minhas memórias no Continente Africano.

Ser recebido com tanto carinho e ter amigos que me ajudaram no tempo de adaptação no Togo foi fundamental. Fui acompanhado pelo Fofoné ao departamento de regularização de imigrantes.

Minha convivência com o casal foi importante, pois aprendi a respeitar a cultura e conhecer a educação togolesa. Tente imaginar como seria a adaptação de um educador que passou praticamente sua vida dentro de escolas brasileiras, trabalhar a sua cosmovisão numa cultura diferente.

Como foram importantes as tardes de conversas nos cafés, ora em minha casa, ora na casa deles. Foram momentos de compartilhamentos de vida, projetos e de sonhos. Tempo de alegria, tempo de lágrimas derramadas, tempo de muita oração e tempo de esperança.

Atualmente, Fofoné é o líder da Jocum no Togo. Uma das marcas do trabalho do casal é o amor que têm pelas crianças do mundo e especialmente do seu país. O casal teve oportunidade de trabalhar como missionários aqui no Brasil, mas o amor pelo seu povo, por sua gente, o fez recusar e voltar para o seio de sua gente.

Claro que preciso falar de parte da família Tengue que mora Djavè. Tive várias oportunidades de estar com aquele grupo de pessoas maravilhosas, a começar pelo seu patriarca, um homem pequeno na estatura, porém um grande e respeitável líder. Foi muito bom conviver por um tempo e aprender como são os costumes familiares numa aldeia (uma espécie de distrito).

Em Djavè, tivemos a oportunidade de trabalhar no treinamento de dois professores para implantação do PEPE e não vou me arriscar a escrever o nome deles. O número de crianças que moram na Aldeia é imenso e tenho certeza de que se um dia você for até o local, não terá vontade de sair de lá. Os desafios daquela região são de levar às lágrimas quem ama e deseja que as nossas crianças cresçam instruídas pela Palavra do Senhor.

Sou grato a Deus por Ele ter colocado no meu caminho e da minha família, justamente esse casal, totalmente desprovido de orgulho e com uma humildade a toda prova. Com eles aprendi que no campo missionário, você deve e precisa aprender a depender totalmente do Senhor, pois Ele chama, prepara e sustenta de uma maneira maravilhosa. Deus é fiel!

Agradeço a Deus, pois nos meus momentos de certos sufocos na vida missionária, sempre recorria aos amigos para socorrer-me e sempre ouvia um conselho e uma palavra amiga. Deus é fiel em nos proporcionar amigos!

Não posso deixar de agradecer pelos cuidados que sempre tiveram comigo. Pode parecer estranho para alguns, mas foi como se eu tivesse sido adotado por um casal, devido ao carinho e preocupação que sempre tiveram quanto ao meu bem-estar físico e espiritual. Deus colocou anjos na minha vida!

Sou grato a Deus, pois o meu tempo no campo missionário foi de grandes aprendizados e quanto mais aprendi com os meus amigos, mais amei o povo e como parafraseando o título de certo livro, posso dizer que enterrei o meu coração na curva das estradas do Togo, para sempre.

Obrigado Fofone, Ellen e João Eyram, por tudo que fizeram, fazem e representam para minha vida. Se já existia amor no meu coração pelo continente africano, ele só fez aumentar após a chegada dessa querida família na minha vida.

A Deus toda glória...

É isso por hoje... é vida que segue!

 

 

 

7 comentários:

  1. Nossa amado Roberto que linda história com esse linda família amigo africano..Vc onde chega vc é um abençoado de Deus!
    Vc é especial,vc alegre os w estão triste.. vou levar vc e Ana Bravim para o resto da minha vida. Vc onde vai e chega amado vc é muito querido.. isso q é bonito de se ver. Deus abençoe vc sempre🙏🏾

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  2. Ótima história e grande aprendizado tanto para você quanto para nós que estamos lendo. Parabéns 👏🙌

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  3. É miita história para contar hein...

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  4. Que lindo!
    História gostosa de se ler.
    Que o nosso Deus continue usando e abençoando pessoas como vcs.
    com tanto desprendimento e amor.

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  5. Que Deus abençoe linda sua jornada de Fé.

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  6. Bem bacana suas histórias de vida Roberto... Sempre gostei e gosto de coisas assim.

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