Culto na porta dos fundos de um manicômio
Nos anos oitenta, era comum a realização de intercâmbios entre as igrejas. Um grupo viajava e passava o final de semana em outra cidade ou na mesma, geralmente, hospedado nas casas dos irmãos.
Em uma tarde ensolarada no Estado do Rio de Janeiro, nossa igreja recém-chegada à cidade, trabalhava com a liderança anfitriã a revisão da programação que seria realizada no sábado e domingo.
Nessa ocasião,
parte do grupo saiu para conhecer a cidade. Eles ficaram encantados com uma
determinada praça por ser bem movimentada. Pensaram ter achado o local ideal
para realização de um “culto ao ar-livre”. A proposta foi questionada pelos
irmãos que conheciam o local. Alegaram que o movimento da praça era em função
de um hospital, mas não quiseram contrariar os visitantes e nem entraram em
detalhes. Planejamento feito, chegou a hora de colocá-lo em prática.
A programação
do sábado foi ótima! Todos ainda embevecidos, lembravam-se
saudosos do encontro. O retorno à cidade natal seria na noite de domingo.
O ponto alto nos intercâmbios eram as
programações evangelísticas porque incentivavam as igrejas anfitriãs e davam à igreja visitante um novo gás
no evangelismo de rua, principalmente. Era uma maravilha!
Um “culto ao ar
livre” foi marcado para o final da tarde de domingo. O local escolhido era bem
movimentado e a todo momento os transeuntes se aproximavam do grupo. Os irmãos participavam,
efusivamente, dando glórias e aleluias a Deus. Abro parênteses para dizer que, se tem algo que anima os
pregadores, dirigentes e ministros de louvor é a interação dos fiéis. Existia
um clima de êxtase no ar!
Ao final do culto, o pregador aproveitou a
oportunidade e fez um apelo, desafiando as pessoas a aceitarem a Jesus. Para
alegria geral, algumas pessoas levantaram as mãos e imediatamente receberam
apoio dos conselheiros e tinham seus nomes anotados.
Entretanto, um fato inusitado aconteceu que
surpreendeu a todos! Um grande portão foi aberto... do seu interior saíram três
enfermeiros. Eles chamaram o grupo de “decididos” para entrarem no interior
daquela fortaleza, pois o tempo deles havia acabado. Como assim?
Somente nesse m-o-m-e-n-t-o, os irmãos se deram
conta que alguns dos decididos no culto eram internos do manicômio e estavam
sendo recolhidos pelos cuidadores, deixando no ar um misto de surpresa e
estupefação. Que situação!!!
Fica a lição: tal fato não teria acontecido se tivéssemos
ouvido a liderança da igreja local, pois eles conhecem melhor o lugar onde
moram.
É isso por hoje... é vida que segue!