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segunda-feira, 31 de março de 2025


Longe dos olhos e perto do coração!
(Débora Vitório... uma amiga do coração)

Existem pessoas que se tornam nossas amigas quase que sem querer. Algumas conhecemos na infância, outras na escola ou mesmo no trabalho e nos tornamos amigos para sempre.

Nossa amizade, nasceu enquanto trabalhávamos no Colégio Batista Shepard. Naquele tempo eu era um jovem professor e você uma jovem secretária do serviço de Capelania da Escola.

Naquele tempo você morava em Angra dos Reis e para lá viajava todos os finais de semana. Depois de certo tempo, foi morar na Cidade do Rio de Janeiro e começamos a frequentar a Juventude Batista Carioca e tivemos a oportunidade de trabalhar juntos mais uma vez.

Naqueles dias corridos, você conheceu Alexandre, um amigo do coração, de saudosa memória, que veio a se tornar seu esposo. Foram 23 anos de casamento até o seu falecimento.

Depois de vários anos no Rio, mudei-me para o Espírito Santo e, durante muito tempo, eu soube notícias de sua família por amigos, mas, mesmo sem nos vermos, a nossa amizade continuava firme e forte.

Depois de muitos anos e após o meu retorno da África, tive a grata surpresa de saber que você agora morava no meu estado, e quando lhe reencontrei foi uma grande festa por rever uma pessoa querida que estivera distante por muito tempo.

Foram muitos momentos de conversas, de aprendizagem, de coisas novas adquiridas nos anos em que o "afastamento" dos olhos redundou em um belo tempo de descobertas e respeito às mudanças que cada um havia experimentado ao longo dos anos.

O tempo passou e entre muitas idas e vindas a passeio à Conceição da Barra e depois estar plenamente adaptada em Guarapari, você começou a enfrentar uma grande luta, acredito ser uma das maiores de sua vida.

Em momento algum você se entregou, mas resoluta passou a viver todas as vicissitudes de cada manhã e, como diria um amigo meu: ora com sua fé, ora com a fé dos outros, mas enfrentando tudo de cabeça erguida e muito firme.

Você nunca abriu mão das suas viagens! Algumas vezes visitando amigos de longe e perto e uma vez dirigindo "turistou", sem medo de ser feliz.

Depois de percorrer vários estados, certa vez você chegou com uma novidade: estou me mudando para Mato Grosso do Sul! Como assim?!?! Você vai embora? Sim, irei! Está certa disso? Sim, estou! E você se foi!

Foi para ficar mais próxima de parentes, sobrinhos, gente que você quer o bem por toda vida e essa proximidade é algo que aquece o seu coração. Como entendo isso, amiga!

Sei que os próximos dias poderão ser difíceis e delicados, mas sei que estará perto de pessoas que te amam e ajudarão a manter o seu coração bem aquecido.

Saiba que a nossa amizade vem de longa data e amigos são assim mesmo:  podem ficar uma eternidade sem se ver e, de repente, se encontram e dizem "como vai?" e a conversa acontece como se tivessem se encontrado no dia anterior.

Amiga, receba o meu abraço, meu carinho e nunca se esqueça que mesmo que esteja longe dos meus olhos, está pertinho do meu coração!

Que Deus te abençoe, ilumine e fortaleça nesse momento.

É isso por agora... beijos no coração!!!"

quinta-feira, 27 de março de 2025

As travessuras do tempo...
(Uma singela homenagem à Maria da Penha Silva Gomes, minha mãe)

Sabe, nos conhecemos há mais de 65 anos, e confesso que não posso precisar o tempo, mas garanto que ele é longo e enfrentamos muitos desafios que, em muitos momentos, não sabíamos se os superaríamos, mas superamos!

Naqueles primeiros anos, você como mãe era possuidora de uma grande energia, moldada pelos primeiros anos de uma mãe que cuidava dos dois primeiros filhos com toda garra e sem muita experiência, a não ser aquela que você havia aprendido com sua mãe. Bem, ela era uma negra brava e que gostava de resolver as coisas com umas boas chinelas para depois saber o que havia de fato acontecido.

Assim era você! Enérgica, atuante, procurando fazer tudo ao mesmo tempo, considerando que o seu marido trabalhava, num primeiro momento, lavando à noite os ônibus da Itapemirim, que tinha um cachorro na porta do veículo. Algum tempo depois, iniciou sua carreira na Rede Ferroviária Federal, viajando entre Cachoeiro e Vitória, e também até a cidade de Campos, no velho Cacique, que ligava a Cidade Secreta do Mundo com a Cidade Maravilhosa.

Os dias eram assim! Levantar cedo, cuidar das crianças e, em alguns momentos, os irmãos (Reinaldo de saudosa memória e Laurinda) e cunhadas (Alzira e Babá), vinham dar uma força para você. Um tomava conta do Robertinho que, segundo dizem, era uma criança que gostava de mexer em tudo e de derrubar umas velhas moedas que eram empilhadas ao chão de taco e depois chorava para que o monte fosse refeito. Ainda bem que esse menino mudou!

Você foi vencendo, os meninos foram crescendo, e outros chegando e, finalmente, alcançamos o número de cinco que sobreviveram, pois dois deles foram para os braços do Pai, ainda recém-nascidos. Não foram dias fáceis, mas você enfrentava tudo com muita garra e energia!

Recordo-me de que houve um tempo em que sua saúde ficou extremamente frágil. Confesso que no meu mundo de criança curiosa eu sabia exatamente tudo que acontecia e os riscos de vida que você enfrentava, não cessava de pedir misericórdia a Deus para preservar sua vida, pois não achava justo ver você sofrendo e com a possibilidade de nos deixar.

Naquela época tive a certeza de que Deus ouve as orações de uma criança, pois coloquei-me a suplicar por sua vida e perdi as contas das noites que dormi intercedendo por você e, se algum sacerdote passasse por perto, teria a mesma impressão que Eli teve quando Ana orava pedindo a Deus um filho e foi tomada como embriagada, no meu caso pedia pela sua saúde.

Nossas súplicas foram atendidas e você foi curada, os meninos (Roberto, Rogério e Renato) e as meninas (Sueli, Solange e Leonora) cresceram e o mais velho deixou sua cidade natal para ir estudar teologia no Rio de Janeiro, para atender um chamado ministerial. Sei que foi uma partida muito dura, afinal éramos além de mãe e filho, havia uma história que nos unia diante de muitas lutas que enfrentamos durante minha infância, adolescência e início da minha juventude.

Mas como Deus tem os seus planos, no meu segundo ano de seminário, enquanto passava na Grande Vitória, pois viajava de uma cidade para outra, fui surpreendido com sua chegada e de minha tia Babá com a notícia que o meu pai havia sofrido um forte AVC. Meu primeiro desejo foi retornar do Rio para ajudar em casa, mas não me esqueço de uma frase sua que nunca mais saiu do meu coração: “o Deus que te chamou é o mesmo que sustentar-nos-á e não nos desamparará, não se preocupe que nós venceremos”. Retornei para o Rio com o coração apertado, mas apegado nas suas palavras e nas promessas de Romanos 8:31-39.

Depois de algum tempo, tive a oportunidade de descer às águas batismais com meu saudoso pai e, após 24 anos de acompanhamento ininterrupto que você dedicou a ele, Deus o tomou para si e quis que fosse no dia de Natal de 2004. Nossos Natais mudaram, mas não deixamos de ser gratos a Deus pela comemoração do Nascimento de Cristo.

O tempo foi passando e sua vitalidade em sair, para fazer os Cultos dos Bebês da sua querida Igreja Batista do Aquidabã foi aos poucos diminuindo, mas como disse nossa amiga Jane Bolsonello, por ocasião do seu aniversário de 80 anos, nos últimos 40 anos, praticamente todas as crianças  foram apresentadas por você e agora, adultas, elas lhe demonstram um profundo respeito e carinho. Isso muito me enche de orgulho!

O tempo passou e na maioria das vezes ele é inexorável. Ele não se toca, apenas passa e traz suas consequências. Graças a Deus nós temos algo que ele não tem. Temos sentimentos e podemos lembrar desse tempo que passa com carinho de tudo que um dia vivemos e, mesmo que nunca mais volte, não deixamos de expressar nossa gratidão.

Esse texto é a minha expressão de gratidão à Maria Gomes, minha querida mãe. Mulher que correu a vida inteira. Que conseguia ir andando ao centro da cidade de Cachoeiro pelo menos duas vezes por dia para resolver problemas da casa, bancos, fazer compras, ir às escolas para acompanhar a situação dos filhos e filhas e ainda tinha tempo para visitar vizinhos nos hospitais e cuidar das responsabilidades com o Rol de Bebês de sua igreja!

Maria Gomes, nossa mãe, mulher de valor! Sou grato a Deus por sua vida. Sou grato, pois além de ter dado o seu melhor tempo para nós, seus filhos, e ter cuidado dos netos - todos eles lhe são gratos, sem exceção -, ainda teve tempo para sempre se preocupar e visitar seus vizinhos.

Sabe de uma coisa, minha mãe: sei que você está vivendo um tempo em que seus oitenta e oito anos de idade começam a pesar diante de muitas lutas que você viveu e ainda vive, mas a vida é mesmo assim. O tempo passa e com ele muito da nossa vitalidade vai e, como o corpo é o que de mais aparente nós temos, ele começa a não nos obedecer como outrora, e isso às vezes nos desagrada.

Tem dias que até mesmo a nossa mente, nossa maior aliada, parece que quer mudar de lado, mas insistimos para que ele permaneça ali e não nos traia, pois isso não consideramos justo. São as mudanças dos nossos corpos, pois os dias são assim.

Quando o dia insistir em querer insinuar indiferença, mostre diferença positiva na sua mente, ainda que algumas partes do corpo não obedeçam. Cuide-se com suas medicações, mas tenha sempre uma atitude positiva de que dias e momentos melhores virão. Tenho em cada máquina da minha equipe a seguinte frase: “não gaste energia naquilo que você não pode mudar”.  Parafraseando, procure empregar suas forças vitais naquilo que pode lhe trazer esperança.

Minha querida mãe, sua vida sempre foi pautada pelo amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança e não há lei contra essas coisas. Por isso, nos tempos difíceis, assim como no passado, continue exercitando o fruto do Espírito, pois essa sempre foi a marca da sua vida!

Com carinho de um filho que não se esquece de ser grato a Deus pela mãe que tem e ama, assim como ele sabe que esse sentimento é comum a todos os filhos, filhas, netos e netas.

Mulher virtuosa, quem a achará? Somos felizes, pois encontramos nossa mãe e o nosso saudoso pai encontrou sua amada esposa.

É isso por hoje... e vida que segue!

 

 

 

 

quarta-feira, 26 de março de 2025


Crônica para uma moça do ônibus...

Todos os dias são iguais aos outros, amanhece e entro no ônibus que conduz centenas de pessoas para os terminais de Serra, Jardim América, Carapina... no meu caso o de Vila Velha...

Ao chegar no terminal, basicamente encontramos os mesmos passageiros de todos os dias, uns sentados, alguns em pé mexendo no telefone ou lendo um livro e outros observando as pessoas, como no meu caso...

Tem sempre um grupo que chega mais cedo porque mora mais perto e na medida em que o sol começa a dar sua cara as pessoas vão chegando. Algumas apressadas, pois precisam embarcar rapidamente e outras vão esperar o horário, mas o movimento de pessoas sempre é uma grande festa...  

No meio desse burburinho de gente, você sempre chega às vezes apressada, dando a impressão que o mundo está prestes a acabar e outras vezes que o universo todo gira em torno de você e quase levita ao tomar o seu cafezinho de cada manhã e ir para o trabalho com o coração aquecido dentro de um ônibus normalmente gelado e sempre no seu lugar preferido...

Dia desses, quase perdeu a condução pois chegou no terminal mais tarde e comprou o seu cafezinho que é sagrado sem medo de ser feliz. Foi uma cena muito interessante pois dentro do veículo sua amiga estava preocupada com sua demora em retornar com o café e o ônibus estava prestes a sair e, de repente, eis que surge sua pessoa andando tranquilamente e entrou no coletivo com um belo sorriso estampado no rosto como se nada tivesse acontecido...

Recordo-me que uma de suas marcas era o seu cabelo loiro, ora preso e outras vezes esvoaçante, combinando com o ar de rebeldia que você carrega com suas tatuagens que não sei bem o que são e nem saberei o que significam, pois, além de tímido para essas coisas, sou um observador e gosto mesmo é de escrever as minhas impressões sobre as pessoas...

Hoje, terça-feira, olhei para todos no ponto de ônibus e depois de algum tempo consegui lhe identificar com muita dificuldade, pois estavas totalmente diferente. Seus cabelos de loiros e soltos, agora pretos, cortados e bem penteados. Praticamente se tratava de uma outra pessoa, na mesma pessoa. Ficaram ótimos e, como já lhe disse, se eu não fosse tímido, diria isso na sua face...

Sabe, você me fez lembrar uma cantora: Madona, mulher que tem a capacidade de mudar sem perder sua genialidade e personalidade, espero que não se chateie com essa comparação. Ela muda sem perder a essência e simplesmente acho isso é uma tremenda qualidade.

Não lhe conheço de falar, mas de apenas embarcar no mesmo ônibus com todos os outros passageiros, cada com suas características, que os tornam marcantes na cabeça de um observador...

Mesmo que eu nunca saiba o seu nome, posso lhe afirmar que você deve ser uma pessoa resoluta e decidida, pois levanta a cada dia de madrugada para lutar pelos seus ideais e sonhos de sua família...

Você, moça do ônibus e que tem um nome que não sei, mas concluo desejando que a sua vida e de seus familiares sejam repletas de realizações e das bênçãos dos céus...

É isso por hoje... é vida que segue!!!

 

 

terça-feira, 18 de março de 2025


Um olhar perdido...

Era um domingo de muito sol e como de hábito, após o almoço fiquei sentadinho no meu cantinho lendo o meu livro e vez por outra observando o movimento do ambiente.

Tenho predileção pelo Restaurante Gussani, que fica próximo à Praça da Praia das Gaivotas em Vila Velha e sempre que posso faço minhas refeições lá nos finais de semana. O local é bucólico e rústico, porém o atendimento é ótimo e a refeição é caseira e combina com o ambiente que é totalmente familiar. Costumo chegar bem cedo quando o restaurante ainda não começou a funcionar e normalmente saio quando está prestes a fechar.

Naquele domingo, cheguei um pouco mais tarde e como de costume assim que terminei a minha refeição fiquei sentadinho no meu cantinho atento na minha leitura e de vez quando fazendo aquilo que amo fazer que é observar o ambiente e consequentemente o comportamento das pessoas.

Como num típico dia de verão e com um sol extremo muita gente naquele horário voltava da praia e várias famílias adentravam o ambiente em busca de um bom almoço. Alguns comeram apressadamente como se o mundo fosse acabar enquanto outros numa lentidão comparável ao bicho preguiça.

No meio de todo esse movimento, percebi a chegada de uma senhora com passos curtos e apresentava uma certa dificuldade para caminhar. Após escolher uma mesa, depositou seus pertences e foi pegar sua refeição. De volta ao local escolhido, começou a se alimentar vagarosamente como se estivesse com dificuldades para fazer a mastigação e além desse fato, observei que o olhar daquela senhora parecia vago e perdido.

Terminada a refeição o garçom recolheu copo, prato e talheres, mas ela permaneceu sentadinha e quase imóvel naquela mesa no cantinho do restaurante. Foi uma cena que tocou o meu coração, pois me trouxe à memória a figura de minha mãe, uma mulher de 88 anos de idade que criou filhos e teve uma participação importante na criação dos netos.

Fiquei imaginando o que estava passando pelo coração daquela senhora e quero te convidar a me acompanhar em algumas possibilidades. Quem sabe que naquele momento ela se lembrasse do tempo de convívio com o seu marido. Pode ser que a tempo em que viveram juntos tenham realizados a maioria dos planos sonhados quando começaram a namorar. Aquela senhora me parecia viúva por ter duas alianças na sua mão esquerda pois isso sempre foi uma tradição dos antigos.

Seria um olhar perdido em meio as saudades dos filhos que se casaram ou quem sabe vivem em outra parte do país ou mesmo fora dele. Por outro lado, pode ser que “as crianças” para os pais os filhos nunca crescem, tenham abandonado aquela mãe por ela ser uma pessoa idosa e por isso ela gosta de ir aos lugares onde possa estar entre pessoas, amenizando a sua solidão.

Aquele olhar perdido, poderia ser de lembranças de um tempo bom de sua infância com suas amigas quem sabe aprontando nas escolas ou nas brincadeiras de crianças tais como passar anel, salada de frutas, jogar queimada, andar a cavalo, tomar banho no açude ou nos namoros escondidos dos pais que não passavam de encontros fortuitos após ou durante as e missas e quermesses nas Paróquias do interior do Brasil.

Mas aquele olhar perdido, me fez pensar como deve ser difícil para os mais idosos quando os seus amigos começam a partir e aquela estranha sensação de ser o próximo ou próxima da lista, pois alguém já disse que pela ordem natural das coisas os mais velhos morrem primeiro, mas na vida não existe ordem natural para morrer e lamentavelmente, pois os nossos jovens morrendo.

Após mais de vinte minutos de devaneios e olhares perdidos, aquela senhora levantou-se com a mesma dificuldade que sentara, encaminhou-se até o caixa, pagou e saiu desaparecendo da minha vista em busca do seu mundo. Fiquei envolto nos meus pensamentos: para onde foi aquela senhora? Ao chegar em casa num domingo onde muitas famílias se encontram mesmo que seja para brigar, haveria alguém esperando por ela? Como seria o final de tarde daquela senhora? São perguntas que ficaram no meu coração e não sei se algum dia terei respostas!

Aquele olhar perdido me deixou algumas lições que compartilho finalizando essa crônica: preciso valorizar os idosos de minha família ou mesmo fora dela; nossos idosos necessitam de tempo de qualidade através de atenção exclusiva sem celulares e distrações que são tão comuns em nossos dias e fundamental ouvir suas histórias pacientemente mesmo que algumas sejam repetidas, mas são memórias de histórias que foram importantes na vida deles que as novas gerações não gostam de ouvir. 

Pensando naquele olhar perdido, resolvi aproveitar a oportunidade de me retirar do recinto pois todos os clientes já haviam deixado o local e a proprietária do estabelecimento por educação me deixou escrever esse texto...

É isso por hoje... é vida que segue!


quarta-feira, 12 de março de 2025


       

ATÉ QUANDO SEREMOS REFÉNS DE TANTA VIOLÊNCIA?
(Reflexões sobre a morte de Carla Gobbi Fabrete)

Carla... tinha 25 anos e estava começando a vida!

Ela... nascida em São Gabriel da Palha, cidade que fica a Noroeste do Espirito Santo!

Carla... saiu de casa para o trabalho e deixou sua filha na esperança de encontrá-la mais tarde!

Ela...já havia vencido mais de dois terços do seu dia de trabalho!

Carla... recebeu os clientes da loja como fazia todos os dias!

Ela... atendeu seu algoz com muita atenção como sempre tratava as pessoas!

Carla... foi enganada e encurralada por aquele ser que me deixa em dúvida se era humano, como nunca havia acontecido!

Ela... foi atacada, covardemente esfaqueada e cruelmente assassinada de uma forma difícil de ser imaginada!

Carla... juntou todas as forças para sobreviver como nunca havia resistido!

Ela... lutou com a vida e pela vida por quase 24 horas, mas perdeu a vida aos 25 anos de idade!

Carla... deixou filha, marido, parentes, amigos, amigas, colegas de trabalho e toda sociedade desolada.

Ela... deixou com sua morte um ar de incredulidade na possibilidade da existência de bondade na espécie humana!

Carla... foi mais uma vítima das inúmeras neuroses e doenças que a sociedade vem enfrentando sem esperança de recuperação da saúde emocional!

Ela... com sua morte prematura consternou a cidade, estado e nos faz refletir sobre o que estamos fazendo com as nossas vidas!

As muitas Carlas, Fernandas, Vitórias, Antônias, Marias e outras mulheres que morrem todos os dias em nossas cidades, estado e país. Algumas vítimas de namorados e maridos ciumentos e possessivos e outras escolhidas aleatoriamente por gente insana e doente!

Nesse dia e nos próximos anos, desejo que Deus conforte os corações de todos os familiares e filha que um dia entenderá, mas agora vai sofrer muito sem entender a falta que a mãe fará.

Desejo ainda que Deus dê sobre nós o sopro da conscientização e senso de humanidade pois a impressão que temos e que a cada dia estamos perdendo a sensibilidade de seres humanos e caminhando a passos largos para a condição de coisa.  

Desejo ainda que o sol da justiça e favor divino, possa entrar derramando amor e respeito ao próximo nos nossos olhos claros de morte.

Carla, descanse em paz!