Pelos Caminhos do Continente Africano... Keur Madiagne
O dia amanheceu como sempre com a promessa de um sol
daqueles que nos faz sentir sentir saudades do sol do Brasil. Parece que o sol
que brilha por aqui é sempre mais forte do que aquele que brilha la.
Sai de casa e fui até a rodovia para embarcar num dos
coletivos, veículos que fazem os percursos entre os bairros e cidades. Assentei-me no banco da parte traseira do
veiculo ao lado de uma senhora e logo em seguida entrou uma outra e fiquei no
meio das duas madames extremamente simpáticas. Iniciamos uma conversa e quando
souberam que eu era brasileiro a conversa fluiu e falamos desde a copa de 94,
passando por Neymar até o racismo de uma certa nação da América do Norte que
por motivos óbvios não citarei o nome. Fiquei encantado com a visão critica e
social daquelas mulheres.
Na “garagem” (especie de rodoviária de onde saem os
coletivos e ônibus) foi fácil encontrar
meu transporte e desta feita, sentei-me ao lado de uma jovem senhora acompanhada
de um menino muito sorridente e o fato a lamentar é que ele não falava nada em
francês, apenas o Wolof língua nacional e nossa conversa não passou de gestos. Durante
todo o tempo da viagem pedi o pão que ele guardava consigo e para minha
tristeza e alegria dele não me forneceu nenhum pedaço e ainda desceu antes que
mudasse de ideia.
Em Ongkad, deixei o coletivo e iniciei uma boa
caminhada em direção ao Pepe Les Vainqueurs. A percurso é feito num solo
arenoso e as construções são de tijolos confeccionados com areia e cimento e
normalmente são os próprios pedreiros que os fabricam. Por aqui você não vai
encontrar caminhões transportando aquelas grandes quantidades de tijolos e sim
centenas deles ao lado das obras esperando a secagem, afinal chuva por aqui é
coisa rara.
Do meu lado direito tem uma construção inacabada e
algumas crianças brincam no local animadamente simulando uma partida de futebol
em meio a uma areia preta. Quando me viram a reação foi aquela exaustivamente repetida
a cada semana: “Bonjour Tubabi”, (bom dia homem branco). Como pode um negro ser
chamado de homem branco? Respondi alegremente e segui o meu caminho, não sem
antes me desviar de uma carroça conduzida freneticamente por um jovem senhor com
dois grandes tonéis de agua.
Olhando a minha esquerda contemplo uma grande área sem
nenhuma construção, porém com uma quantidade enorme de papeis e plásticos que
fariam a festa de pelo menos um mês de alguém que vive de recolher este
material no Brasil. Este cenário me faz pensar que existe um grande desafio por
aqui às pessoas que trabalham com conscientização, reciclagem e importância da
conservação do meio ambiente.
O caminho é longo e encontro um grupo de mulheres
agachadas como é o costume por aqui, algumas limpando peixes e outras torrando
amendoins com suas respectivas crianças
“nas costas” devidamente acomodadas. A impressão que tenho é que vão
cair a qualquer momento, porém, elas dormem serenamente mesmo com todos os
movimentos de suas mães que trabalham se movimentando de forma exagerada.
Cheguei ao Pepe Les Vainqueurs e apos os cumprimentos
de praxe e como sempre acontece foi uma grande festa mesmo porque “tubabi” é
uma figura diferente e quando se trata de crianças... é preciso parar tudo e
toda minha atenção sera somente delas.
Você quer saber como foi meu dia de trabalho em Keur
Madiagne?
Depois nos falamos... até o próximo encontro!
Você está se tornando um excelente cronista, Beto.
ResponderExcluirObrigado pelo incentivo. Bjs!
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