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domingo, 7 de junho de 2015

Pelos Caminhos do Continente Africano... Keur Madiagne


O dia amanheceu como sempre com a promessa de um sol daqueles que nos faz sentir sentir saudades do sol do Brasil. Parece que o sol que brilha por aqui é sempre mais forte do que aquele que brilha la.

Sai de casa e fui até a rodovia para embarcar num dos coletivos, veículos que fazem os percursos entre os bairros e cidades.  Assentei-me no banco da parte traseira do veiculo ao lado de uma senhora e logo em seguida entrou uma outra e fiquei no meio das duas madames extremamente simpáticas. Iniciamos uma conversa e quando souberam que eu era brasileiro a conversa fluiu e falamos desde a copa de 94, passando por Neymar até o racismo de uma certa nação da América do Norte que por motivos óbvios não citarei o nome. Fiquei encantado com a visão critica e social daquelas mulheres.

Na “garagem” (especie de rodoviária de onde saem os coletivos e ônibus)  foi fácil encontrar meu transporte e desta feita, sentei-me ao lado de uma jovem senhora acompanhada de um menino muito sorridente e o fato a lamentar é que ele não falava nada em francês, apenas o Wolof língua nacional e nossa conversa não passou de gestos. Durante todo o tempo da viagem pedi o pão que ele guardava consigo e para minha tristeza e alegria dele não me forneceu nenhum pedaço e ainda desceu antes que mudasse de ideia.

Em Ongkad, deixei o coletivo e iniciei uma boa caminhada em direção ao Pepe Les Vainqueurs. A percurso é feito num solo arenoso e as construções são de tijolos confeccionados com areia e cimento e normalmente são os próprios pedreiros que os fabricam. Por aqui você não vai encontrar caminhões transportando aquelas grandes quantidades de tijolos e sim centenas deles ao lado das obras esperando a secagem, afinal chuva por aqui é coisa rara.

Do meu lado direito tem uma construção inacabada e algumas crianças brincam no local animadamente simulando uma partida de futebol em meio a uma areia preta. Quando me viram a reação foi aquela exaustivamente repetida a cada semana: “Bonjour Tubabi”, (bom dia homem branco). Como pode um negro ser chamado de homem branco? Respondi alegremente e segui o meu caminho, não sem antes me desviar de uma carroça conduzida freneticamente por um jovem senhor com dois grandes tonéis de agua.

Olhando a minha esquerda contemplo uma grande área sem nenhuma construção, porém com uma quantidade enorme de papeis e plásticos que fariam a festa de pelo menos um mês de alguém que vive de recolher este material no Brasil. Este cenário me faz pensar que existe um grande desafio por aqui às pessoas que trabalham com conscientização, reciclagem e importância da conservação do meio ambiente.

O caminho é longo e encontro um grupo de mulheres agachadas como é o costume por aqui, algumas limpando peixes e outras torrando amendoins com suas respectivas crianças  “nas costas” devidamente acomodadas. A impressão que tenho é que vão cair a qualquer momento, porém, elas dormem serenamente mesmo com todos os movimentos de suas mães que trabalham se movimentando de forma exagerada.

Cheguei ao Pepe Les Vainqueurs e apos os cumprimentos de praxe e como sempre acontece foi uma grande festa mesmo porque “tubabi” é uma figura diferente e quando se trata de crianças... é preciso parar tudo e toda minha atenção sera somente delas.

Você quer saber como foi meu dia de trabalho em Keur Madiagne?

Depois nos falamos... até o próximo encontro!

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