Memórias da África.
A Chegada no Senegal...
No
próximo dia 21 de janeiro de 2018, completarei três meses no Brasil, depois de
passar três anos no Continente Africano, especificamente, no Oeste da África.
Nesse
tempo tive muitas experiências interessantes e acredito que a primeira e mais
marcante, foi chegar em Dakar, no Senegal, dia 19 de agosto de 2014, exatamente
um dia antes do meu aniversário .Assim que as portas do avião foram abertas,
tive a nítida impressão de estar entrando num forno. Era verão, porém, eu
sentia que outras emoções estavam por vir!
Depois
de um breve tempo, tentando me acostumar com o calor, era necessário enfrentar
a burocracia com o visto e todos os questionários e questionamentos da polícia
com uma pessoa que falava um francês que nem ele mesmo entendia. Tudo era
novidade!!
Agora
com tudo liberado, passaporte devidamente carimbado, só restava pegar as três
malas, (duas com coisas pessoais e uma com material do PEPE). Tudo corria bem,
até que, olhei na esteira rolante e visualizei somente as minhas malas.
Incrível! A mala do PEPE, simplesmente havia sumido!!!Uau!!!
Fui
conduzido pelo pessoal do aeroporto para uma salinha, para explicar o que havia
dentro da mala sumida e quais eram suas características. Com o meu francês de
caminhão, procurei responder pacientemente a cada questionamento, e depois de
quase uma hora e meia, consegui sair do aeroporto. Ufa!!! Agora pronto para
viver as próximas emoções...
Assim
foi a saída repleta delas, pois os
vendedores da moeda local, ofereciam Franco cfa, com uma disposição de fazer inveja aos melhores
cambistas brasileiros em final de campeonato no Maracanã. A cena era
indescritível e na minha lembrança fui levado de um lado para o outro, e via os
missionários Humberto e Ricardo, fazendo sinal, para que não trocasse a moeda.
Quando
você chega num país e sabe que vai ficar por lá, passa um grande filme na sua
cabeça. Após os cumprimentos de praxe, malas acomodadas no carro, vamos pra
casa. As cores, o céu, as sensações e a iluminação, são diferentes. Não sabia
se falava com o Humberto e Ricardo, ou se observava tudo que os meus olhos
podiam captar. Queria guardar todas àquelas informações na retina, registrá-las
na mente e guardá-las para sempre no meu coração. Acredito que consegui!
Quando
chegamos na casa da Junta, recebemos uma ligação de que a mala perdida havia
sido encontrada, fizemos meia volta e fomos correndo para o aeroporto. Agora
era preciso abrir a mala para mostrar o conteúdo. Quase chorei, pois levei um
tempo enorme para arrumar os livros e fui obrigado a retirá-los, depois
recolocá-los no mesmo lugar, tive a sensação de ter experimentado a
multiplicação deles. Cumpridas todas às exigências, partimos para o apartamento
que seria a minha casa por alguns meses.
Ao
chegar no prédio, uma porta foi aberta e o seu peso fazia com que ela se
arrastasse no chão produzindo um som meio que irritante. Era preciso subir um
lance de escadas como um caracol bem suave. As luzes eram fracas e o ambiente
inicialmente era sombrio e triste. Diante do apartamento, esperamos alguns
instantes para que Jean, nos abrisse a porta e finalmente entramos.. Ricardo
ficou e Humberto, seguiu para casa!
O
quarto era grande, possuía uma cama de casal e uma cômoda. Como a maioria dos móveis
daquela região da África são de madeira, não mexi em nada, pois faria muito
barulho e por certo acordaria meus vizinhos, considerando que eram três horas
da madrugada.
Através
da tela da minha janela, olhei pela primeira vez... Percebi que a concepção de
iluminação pública era diferente da brasileira... Vi carcaças de carros, um
velho compressor, árvores, uma passarela e minha rua, todos em silêncio. Apenas
a “BR” que dava pra ver do meu quarto, não conseguiu, guardar silêncio...
Depois
de um bom banho, adormeci e de repente, fui acordado pelo som que vinha de uma
das muitas mesquitas que existem em Dakar... depois disso o cansaço foi mais
forte e dormi!
No
dia seguinte... Youssouf segue para sua próxima jornada....