Joventino José de Abreu, nosso adorável
Pastor!
Tive o prazer de conhecê-lo no dia 19 de
fevereiro de 1983, exatamente no dia do meu exame e Ordenação ao Ministério
Pastoral. Depois uma tarde pra la de movimentada e tão logo foram escolhidos
Presidente, Examinador de Eclesiologia e Teologia, Orador, Secretario e aquele
que faria a entrega da Biblia e que tive a honra de recebê-la de suas mãos. Ele
estava de férias com a irmã Nilza no Estado e como bom Pastor que participava
de todos os eventos denominacionais, tive assim a oportunidade de conhecer Joventino.
Depois desta data a nossa amizade foi crescendo, mesmo ele tendo retornado para
o campo missionário.
Os anos se passaram o Joventino se
aposentou da frente avançada de missões e foi dar continuidade ao seu chamado
“eterno” de fazer missões em Cachoeiro de Itapemirim. Tendo trabalhado
incansavelmente ajudando algumas Igrejas com dificuldades de manterem seus
obreiros e desbravando locais até então não alcançados pelos Batistas
Cachoeirenses.
Retornei em julho de 1994, para
Cachoeiro e nos reencontramos e logo aquela nossa gostosa amizade se tornou uma
bela parceria. Tive o prazer de trabalhar com ele e irmã Nilza em São José das
Torres e depois no Alto Zumbi.
Em São José das Torres íamos todos os
domingos e quintas-feiras na nossa antiga Kombi que já conhecia todos os
trechos da BR 101 Sul e poderia viajar sozinha. O tempo que passamos por lá foi
extremamente gratificante e trabalhávamos muito, porém nos divertíamos outro
tanto. Era inesquecível ele chegar e ligar o seu aparelho de som para tocar os
hinos como forma de anunciar as reuniões na Igreja. Apos o culto devolvíamos as
pessoas nas suas casas e retornávamos cansados, porém felizes. Bons tempos.
Me ausentei de Cachoeiro mais uma vez,
tendo morado dois anos e meio em Ecoporanga e mais dois anos em São José dos
Campos e quando retorno à capital secreta do mundo reencontro-me com o parceiro
de evangelismo. Convidado para assumir o Ministério Interino da Igreja Batista
do Aquidabã, reiniciamos nossa parceria.
Nesse meio tempo tive uma experiência
pessoal, extremamente traumática e a minha querida Igreja me abraçou e me
acolheu ajudando-me a vencer aquele drama pessoal. Novamente aparece Pastor
Joventino e irmã Nilza: fui adotado literalmente como filho e todas as segundas
o nosso encontro para o almoço era sagrado. Poucas pessoas sabem disso, mas ali
eu brinquei, sorri e chorei muitas vezes e fui consolado, fui pastoreado num
momento que até hoje me emociona com o carinho recebido do meu querido, meu
velho e meu amigo pastor Jovem. São lembranças que o tempo jamais apagará e o
coração sempre pulsar mais forte, todas as vezes que me lembro daqueles dias.
Fui literalmente abraçado e tratado como filho.
Joventino e sua esposa sempre tiveram um
amor profundo e visão desbravadora e logo descobrem que havia possibilidade de
fazer um abrir um congregação no Alto Eucalipto, pois havia um grande numero de
crianças que precisavam ser evangelizadas. Semanalmente lá estávamos
trabalhando com as crianças tentando acalmá-las e através delas buscando
atingir seus familiares. Também foi um tempo prazeroso e trabalhoso, junto as
crianças, adolescentes e adultos daquela comunidade.
Depois desse tempo continuamos nos
encontrando e trabalhando juntos não com tanta frequência mas a nossa amizade
ficou para sempre era o meu prazer a cada domingo tirar o seu boné, chapéu ou
boina e dar um beijo na sua careca, pois sempre o respeitei como o meu segundo
pai.
Um pouco antes de viajar à Africa, tive
oportunidade de fazer algumas visitas nos municípios de Alegre, Guaçuí e Rio
Novo do Sul com o grupo do qual o Jovem era membro efetivo e que desenvolve
atividades evangelísticas de nossa Igreja e foi algo simplesmente marcante em
minha vida.
Estar no campo é algo fantástico e sei
que ele orava por mim diariamente, mas existem momentos que o nosso coração não
sabe o que fazer, pensar ou como reagir. Meu coração está triste, pelo fato de
saber que estou longe, do outro lado do oceano atlântico e não pude visitar o
meu amigo e repetir o que lhe disse inúmeras vezes no seu ouvido a gratidão que
sempre tive por ele e dar um beijo na sua cabeça, desprovida de cabelos. Isso é
muito duro. Eu entendo que tudo pode acontecer, mas o sentimento de impotência
que é algo extremamente duro.
Como gostaria de abraçar a irmã Nilza e
simplesmente ficar do seu lado, não falando, mesmo porque entendo que existem
momentos que as palavras são desnecessárias e repetir o gesto que um dia eles
fizeram comigo com o abraço, o aconchego, o conforto e o choro que atingem
profundamente nossa alma. Quantas vezes passei por esta experiência com eles no
ano de 2001.
Como pouco posso fazer em termos
humanos, sigo orando e pedindo a Deus que o tempo todo cuide e trabalhe com a
irmã Nilza, afinal, um soldado foi convocado, mas a luta precisa ter
continuidade. Querida Nilza, eu sei e presenciei o tanto que vocês se amavam,
se respeitavam e se cuidavam e no momento deve ser muito duro pra você, mas não
desista de prosseguir, pois mesmo de longe terá sempre uma pessoa que jamais
deixará de te ajudar em oração todos os dias.
Que Deus esteja trabalhando os nossos
corações neste momento tão difícil aos olhos humanos, mas nos temos a certeza
de "um dia veremos nosso Redentor, pois Ele vive e se levantará sobre a
terra e vê-lo-emos por nós mesmo e os nossos olhos o verão..." Saudades
eternas do seu filho, amigo, companheiro de evangelismo...
Até breve meu querido, meu velho e meu
amigo, Joventino José de Abreu, nosso adorável Pastor.
Roberto Luiz Gomes